Symphonie Cinétique – The Poetry of Motion
09 Segunda-feira Fev 2015
09 Segunda-feira Fev 2015
12 Quarta-feira Fev 2014
Posted Arte e Multimédia, Máquina do Corpo, Teoria das Artes
inLike hypermedia, immersion is a digitally enabled method for mimicking an aspect of consciousness. The arts have long been concerned with accurately reflecting private sensory perceptions. The history of each art form is replete with movements that claim this as their objective; similarly, integration has been led by the desire to combine art forms in a way that reflects our sensual apprehension of the world.
Ken Jordan, Defining Multimedia (2002), p. 5.
Tal como o hipermédia, a imersão constitui um método digital para emular um aspecto da consciência. As artes têm estado desde há muito ocupadas em refletir de forma precisa perceções sensoriais pessoais. A história de cada forma de arte está repleta de movimentos que reivindicam isso como seu objetivo; do mesmo modo, a integração tem sido conduzida pelo desejo de combinar as formas de arte de uma forma que reflete a nossa apreensão sensorial do mundo.
Ken Jordan, Defining Multimedia (2002), p. 5 [Trad. MP]
Before digital technology, our tools led us toward linear modes of expression. However, the dynamic nature of databases and telecommunications networks open up possibilities for alternative narrative structures that come closer to replicating the internal associative tendencies of the mind.
Ken Jordan, Defining Multimedia (2002), p. 5.
Antes da tecnologia digital, as nossas ferramentas conduziram-nos a modos de expressão lineares. Todavia, a natureza dinâmica das bases de dados e das redes de telecomunicações abrem a possibilidade de estruturas narrativas alternativas que se aproximam mais de uma replicação dos nexos associativos internos da mente.
Ken Jordan, Defining Multimedia (2002), p. 5 [Trad. MP]
11 Terça-feira Fev 2014
Posted Arte Digital, Arte e Multimédia
inEsta instalação-performance de Joachim Sauter e Ólafur Arnalds pode considerar-se uma obra multimédia? De que forma corresponde ou não aos critérios definidos por Packer e Jordan (Integração, Interatividade, Hipermédia, Imersão e Narratividade)? Que outras caraterísticas podemos encontrar? Que reflexões suscita quando se observa sob o ponto de vista das relações entre arte e tecnologia? Ou entre arte e computador? Como se integram os meios artísticos tradicionais e os meios automáticos? Como descreveríamos a sua forma ou o seu género de maneira a captar a sua natureza híbrida – escultura cinética? dança de objetos? dança mecânica? dança sinestésica? instalação musical? música mecatrónica? sinfonia cinética?…?…?
Eis a descrição dos autores:
We are honored to present the project film of Symphonie Cinétique – The Poetry of Motion. This film presents the wonderful journey that media artist Joachim Sauter (ART+COM) and composer Ólafur Arnalds ventured on together at MADE, that culminated with the creation and performance of this interdisciplinary Gesamtkunstwerk. The dialogue and exchange between these two craftsmen, each coming from a distinctly different discipline, resulted in a majestic clash of light, motion and sound. Please dive in, let go and enjoy this wonderful moment – Joachim’s graceful kinetic pieces breathing and moving in harmony with the touching music composed by Olafur.
31 Terça-feira Dez 2013
Posted Arte e Multimédia
inThe WordPress.com stats helper monkeys prepared a 2013 annual report for this blog.
Here’s an excerpt:
The concert hall at the Sydney Opera House holds 2,700 people. This blog was viewed about 16,000 times in 2013. If it were a concert at Sydney Opera House, it would take about 6 sold-out performances for that many people to see it.
19 Terça-feira Fev 2013
Jonathan Glazer, Sony Bravia LCD TV Ad (2007)
Jonathan Glazer, Sony Bravia LCD TV Ad (original sound) (2007)
Sony Bravia LCD TV Ad: Behind the Scenes (2007)
16 Segunda-feira Jan 2012
Posted Arqueologia da Arte Multimédia, Arte Digital, Arte e Multimédia, Arte e Tecnologia, Máquina do Corpo, Tecnologias de Inscrição
in≈ Comentários Desativados em Antologia ‘Arte e Multimédia’ 2011
Norman McLaren, Pas de deux (1968). Coreografia de Ludmilla Chiriaeff. Bailarinos: Margaret Mercier e Vincent Warren. Música de Maurice Blackburn.
Esta entrada contém ligações para uma seleção de textos escritos pelos/as alunos/as de ‘Arte e Multimédia’ ao longo do 1º semestre de 2011-2012. A antologia tem em conta a qualidade dos textos, a diversidade dos temas abordados, a ligação com o programa da disciplina e todos os participantes no blog.
Agnese Rudzite, Reproduction of photography [14-12-2011]
Anabela Ribeiro, A minha memória [04-10-2011]
Ana Rafaela Calheiros, Mazurka [24-10-2011]
Ana Rita Freitas, Inscrição da luz na fotografia [15-12-2011]
Anete Sebre, Through centuries [01-11-2011]
Artur Almeida, Contra o preconceito tecnológico (e a sua sobrevalorização) [06-10-2011]
Daniel Sampaio, Pintar com a luz [27-10-2011]
Daniela Silva, Videojogos: um novo espaço de interacção [09-11-2011]
Emanuel Taborda, Televisão [13-12-2011]
Francisco Pereira, Análise de uma pintura segundo Kittler [19-10-2011]
Germana Duarte, Poemário [23-12-2011]
Hugo Sales, Inês Maia e Artur Almeida [31-12-2011] Norman McLaren, Ballet Adagio (1972)
Inês Maia, A reprodução da obra de arte [06-10-2011]
Isabela Preto Junqueira, «Quem matou a singularidade? – Não fui eu!»- disse Richard Wagner – Parte 2 [05-12-2011]
Ivan Miguel Pereira, Sou uma máquina [04-10-2011]
Joyce Lopes, Criatividade artificial: a arte robótica [25-10-2011]
Juliana Alves, Poesia visual [14-12-2011]
Katarzyna Krupczak, When live action meets animation [11-12-2011]
Mara Costa, Uma máquina de ver e ouvir [25-12-2011]
Maria Inês Carvalhal, Os nossos desenhos [05-10-2011]
Mariana Santos, A inteligência artificial [24-12-2011]
Marta Cid Torres, Merce Cunningham [24-12-2011]
Marta Pinto Ângelo, Moving painting [23-10-2011]
Miguel Valentim, Os média e os nossos sentidos [07-11-2011]
Milton Vogado Batista, Dialtones: a telesymphony [23-12-2011]
Mónica Lemos Coelho, Desenho é ilusão [04-11-2011]
Sara Godinho, O pintor e a cidade [24-10-2011]
10 Sábado Dez 2011
Posted Arte Digital, Arte e Multimédia, Computador, Literatura
in© Rui Torres, Mar de Sophia (2005).
Partindo frequentemente de textos de outros autores, as obras gerativas de Rui Torres recodificam os textos originais inscrevendo a sua sintaxe e semântica na materialidade digital e na significação programada. Os seus poemas hipermédia tornam evidente que os códigos de programação se tornaram recursos específicos da retórica e da poética da criação digital.
As obras gerativas de Rui Torres não se limitam a analisar gramatical e lexicometricamente os textos-fonte. Elas recodificam os textos impressos de partida ao reinscrevê-los na multimodalidade da materialidade digital. Algoritmos randomizados e procedimentos permutacionais são aplicados a um conjunto de objectos digitais constituídos por texto verbal, vídeo, voz, música e animação. Deste modo, os significantes linguísticos de origem são integrados numa base de dados multimédia constituída por sons, imagens e animações, que reforçam a virtualidade do sentido enquanto instanciação combinatória de elementos modulares. Ao explicitar o paradigma e implicitar o sintagma, a cultura digital interfere profundamente com os modos narrativos de produção de sentido.
Com efeito, a tensão entre a lógica narrativa e a lógica de base de dados, descrita por Manovich como um elemento estrutural dos média digitais, constitui o eixo estético das obras de Rui Torres. Uma sequência textual, coincidente ou com um poema ou com um fragmento de poema ou de narrativa, é transformada em matriz geradora de outras ocorrências textuais possíveis, recontextualizadas num espaço audiovisual imersivo tridimensional. Tratado como mera actualização e instanciação singular de um estado textual potencial, o texto-fonte reabre-se à potencialidade turbulenta de significantes e significados, e aos processos de remediação e ressignificação característicos das literacias digitais.
© Rui Torres, Mar de Sophia (2005).
Starting from texts by other 20th-century authors, Rui Torres’ generative works recode their source texts by opening up their syntax and semantics to digital materiality and programmed signification. His hypermedia poems demonstrate that programming codes have become crucial elements in the rhetoric and poetics of digital creation.
Generative works by Rui Torres do not limit themselves to a syntactical and lexicometric analysis of their source texts. They recode their source printed texts by reinscribing the verbal texture in the multimodality of digital materiality. Randomized algorithms and permutational procedures are applied to sets of digital objects consisting of verbal text, video, voice, music, and animation. Thus linguistic signifiers are aggregated in a multimedia database consisting of sounds, images, and animations that reinforce the virtuality of sense as a combinatorial instantiation of modular elements.
By making the paradigm explicit and the syntagm implicit, digital culture profoundly interferes with narrative modes of producing meaning. In effect, this tension between narrative logic and database logic, described by Lev Manovich as a structural element in digital media, is the very aesthetic axis of Rui Torres’ works. A textual sequence, coincidental either with a poem or with a narrative fragment, is treated as a generative matrix for many other possible textual occurrences, now recontextualized in a three-dimensional audiovisual immersive space. Treated as a particular actualization and single instance of a potential textual state, the source-text is opened up again to the turbulent potentiality of signifiers and signifieds, and to processes of remediation and resignification typical of digital literacies.
14 Sexta-feira Out 2011
Posted Eadweard Muybridge, Fotografia, Johannes Vermeer, Pintura, Tecnologias de Inscrição
in≈ Comentários Desativados em Inscrever a luz / Inscribing light
Johannes Vermeer (1632-1675), Mulher Lendo uma Carta/ Woman Reading a Letter (c. 1662-63). Óleo sobre tela /Oil on canvas, 46,5 x 39 cm. © Rijksmuseum, Amesterdão.
Eadweard Muybridge (1830-1904), ‘Pousar uma cadeira, sentar-se e ler’/ ‘Placing chair, sitting and reading’, in Animal locomotion: An electro-photographic investigation of consecutive phases of animal movements, 1872-1885, Volume 07, Plate 241 (Philadelphia: University of Pennsylvania, 1887).
O movimento íntimo da leitura contém um eco dos movimentos do meu corpo. Do movimento interior desencadeado pelos símbolos que me atravessam. E do movimento observável dos músculos das mãos e dos olhos. Do peso e da posição com que todo ele se situa no espaço onde se entrega à leitura. Neste modo de entrega à força da gravidade, o espaço interior de leitura vincula-se à autopercepção do corpo no espaço exterior. Entre a cadeira e a mesa, quem me pintou de pé faz-me receber a luz que entra pela janela. A luz que me permite ler a carta que seguro nas mãos deseja escrever-se na tela em gradações subtis de castanhos e azuis. Nos contrastes claro-escuro, o olho deseja reencontrar a percepção singular que, num dado instante, me produziu como objecto de percepção no seu campo óptico. A mão inscreve na tela a presença da luz que se reflecte em mim. E, por momentos, quase parece possível ver o acto de ler. Como numa coreografia para mulher, cadeira e revista. De pé, de frente para a parede lateral do estúdio, com uma revista enrolada na mão direita, levante a cadeira com a mão esquerda, rode-a cerca de 45 graus no sentido retrógrado e pouse-a. Faça a rotação necessária para se sentar na cadeira depois de a pousar e sente-se a ler. Faça-o como costuma fazer. Pode usar o mesmo vestido que usou nas fotografias que tirámos ontem.
The inner motions of reading contain an echo of the movements of my body. An echo of the inner motions triggered by symbols as they pass through me. And of the observable movements of the muscles of the hands and eyes. Of my body’s weight and position in the space where it devotes itself to the act of reading. Through this mode of accepting the force of gravity, the inner space of reading becomes linked to self-perception of the body in external space. Between chair and table, whoever painted me standing here makes me receive the light coming in through the window. The light that lets me read the letter wants to write itself in subtle gradations of browns and blues. In these light-dark contrasts, the eye desires to rediscover that unique perception that, at a given instant, has produced me as an object of perception in its optical field. The hand inscribes on the canvas the presence of light that is reflected in me. And, at times, it seems almost possible to see the act of reading. As in a choreography for woman, chair and magazine. Standing in front of the lateral wall of the studio, with a rolled magazine in your right hand, you will lift the chair with your left hand, turn it counterclockwise about 45 degrees and place it on the floor again. You will make the rotation needed to sit in the chair, and you will sit down and read. Do it as you usually do. You can wear the same dress you wore in the pictures we took yesterday.
23 Sexta-feira Set 2011
Posted Fotografia, Literatura, Tecnologias de Inscrição
in≈ Comentários Desativados em Como escrever uma aula? Como fotografar uma aula?
© Fotografias de Telma Rodrigues. Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Sala 6, Aula de ‘Arte e Multimédia’, dia 20 de Setembro de 2011, 14h00-16h00.
Num determinado momento de aula de Arte e Multimédia, do dia 20 de Setembro, o professor Manuel Portela solicitou a realização de um registo escrito da aula, para posterior confronto com um registo visual da mesma.
Assim, enquanto a aluna Telma Rodrigues circulava livremente pela sala de aula, empunhando uma máquina fotográfica, o professor estabeleceu uma relação entre o corpo humano e a máquina, comparando as formas técnicas automáticas a extensões dos sentidos humanos.
Seguidamente analisamos o quadro de Pieter Brueghel, intitulado “Os Ceifeiros”, e exploramos a problemática relativa à simbologia/mitologia como parte do meio numa obra. O que nos transportou para a dicotomia entre a pintura e a fotografia, onde é a Mão, sem qualquer extensão que a automatize, que funciona como um instrumento de inscrição do Real, através de um processo físico humano. Já nos média este processo é claramente automático.
De seguida levantamos uma serie série de questões relativas à mediação nos diversos géneros e artes, como a música, o cinema e a fotografia; i.e. as práticas artísticas actuais como multimédia e multiarte.
A música foi um assunto muito discutido ao longo da aula, durante a qual identificamos formas de percepção do som.
Visionamos, uma vez mais, o vídeo dos indivíduos japoneses e do xilofone, onde foi óbvia a influência das formas tradicionais, a presença da memória da própria arte na cantata de Bach (que integra o tema “Jesus bleibt meine Freude”, cuja melodia é usada no vídeo), e como estas se relacionam com a alta tecnologia.
Esta relação vai ao encontro do projecto utópico de Wagner, que concebe o drama como forma de realizar a Arte, ao afirmar que a divisão das artes é a negação da dita Arte. Este conceito, possível na relação entre as matérias artísticas, torna-se irrealizável na sociedade que se manteve (e mantém!) estratificada. Wagner estabeleceu, ainda, uma relação entre o edifício e a organização do espaço do espectador como forma de imersão, colocando o espectador dentro da própria representação. O que nos conduziu à problemática dos filmes em 3D, que procuram a mesma dinâmica entre o público e a obra.
Finalmente passamos ao visionamento de um vídeo: “Human Eye Anatomy and Physiology: Learn How an Eye Functions“, consciencializando-nos da mediação que os orgãos dos sentidos constituem no acesso que eles nos dão ao mundo.
A turma manteve-se activa, colocando questões pertinentes e dinamizando a aula.
Ana Rafaela Calheiros.
21 Quarta-feira Set 2011
Posted António Damásio, Johann Sebastian Bach, Máquina do Corpo, Música
in≈ Comentários Desativados em O que é a mente consciente?
Johann Sebastian Bach, ‘Chaconne’ da Partita em Ré menor para violino solo (1717-1723), BWV 1004. Intérprete: Viktoria Mullova. Registado ao vivo na Igreja de São Nicolau em Leipzig, 9 de Outubro de 1999.
A mente consciente tem início quando o eu entra na mente, quando o cérebro mistura um processo de eu ao resto da mente, de forma modesta ao início, mas mais tarde com imenso vigor. O eu edifica‑se em passos distintos, baseados no proto‑eu. O primeiro passo é a criação de sentimentos primordiais, os sentimentos elementares da existência que surgem espontaneamente a partir do proto‑eu. Segue‑se o eu nuclear. Este tem a ver com a acção, especificamente com as relações entre o organismo e o objecto. O eu nuclear desenvolve‑se numa sequência de imagens que descrevem um objecto a interagir com o proto‑eu e a modificá‑lo, incluindo os seus sentimentos primordiais. Por fim, temos o eu autobiográfico. O eu é aí definido em termos de conhecimento biográfico ligado ao passado, bem como ao futuro antecipado. As imagens múltiplas cuja totalidade define uma biografia geram impulsos de eu nuclear, sendo que o seu conjunto constitui um eu autobiográfico.
António Damásio. O Livro da Consciência: A Construção do Cérebro Consciente, Lisboa: Temas e Debates, 2010, pp. 39-40.
Conscious minds begin when self comes to mind, when brains add a self process to the mind mix, modestly at first but quite robustly later. The self is built in distinct steps grounded on the protoself. The first step is the generation of primordial feelings, the elementary feelings of existence that spring spontaneously from the protoself. Next is the core self. The core self is about action — specifically, about a relationship between the organism and the object. The core self unfolds in a sequence of images that describe an object engaging the protoself and modifying that protoself, including its primordial feelings. Finally, there is the autobiographical self. This self is defined in terms of biographical knowledge pertaining to the past as well as the anticipated future. The multiple images whose ensemble defines a biography generate pulses of core self whose aggregate constitutes an autobiographical self.
António Damásio. Self Comes to Mind: Constructing the Conscious Brain, New York: Pantheon Books, 2010, pp. 27-28.
20 Terça-feira Set 2011
Posted Arqueologia da Arte Multimédia, Ópera, Richard Wagner
in≈ Comentários Desativados em A obra de arte do futuro
Richard Wagner, Die Walküre [A Valquíria] (1854-56; 1870) [início do 3º Acto, produção do festival de Bayreuth, originalmente encenada em 1976 por Patrice Chéreau. Cenografia de Richard Peduzzi. Figurinos de Jacques Schmidt. Maestro: Pierre Boulez. Intérpretes: Carmen Reppel (Gerhilde); Gabriele Schnaut (Waltraute); Gwendolyn Killebrew (Schwertleite); Karen Middleton (Ortlinde); Gwyneth Jones (Brünnhilde); Katie Clarke (Helmwige); Ilse Gramatzki (Grimgerde); Jeannine Altmeyer (Sieglinde); Elisabeth Glauser (Rossweisse); Marga Schiml (Siegrune). Gravação de 1980].
A cena tem, antes de mais, que preencher todas as condições de espaço para a acção dramática colectiva que nela há-de representar-se; em segundo lugar, porém, tem que resolver estas condições na intenção de levar essa acção à percepção e à compreensão dos olhos e dos ouvidos dos espectadores. Na organização do espaço dos espectadores é a exigência de compreensão da obra de arte que, no plano óptico e no plano acústico, dita a lei necessária, à qual só a beleza da disposição dos elementos – a par da adequação dos fins – pode corresponder; porque o desejo do espectador colectivo é precisamente o desejo da obra de arte, para cuja apreensão ele terá que ser determinado por tudo o que lhe surge perante os olhos. E assim, pelo ver e pelo ouvir, o espectador colectivo transporta-se inteiramente para o palco; só pela completa absorção por parte do público, o actor é artista. Tudo o que no palco respira e se move, respira e move-se por intermédio de um desejo maximamente expressivo de comunicação, desejo de ser visto e ser ouvido naquele espaço que, ainda que sendo relativas as suas dimensões, parece contudo ao actor, do ponto de vista da cena, conter toda a humanidade; porém, o público, esse representante da vida social, desaparece ele próprio no espaço destinado aos espectadores; o público passa a viver e respirar apenas na obra de arte que lhe surge como sendo a própria vida, na cena que lhe parece ser o mundo inteiro.
Richard Wagner, A Obra de Arte do Futuro [1849]. Lisboa: Antígona, 2003. Tradução de José Miranda Justo, pp. 179-180.
16 Sexta-feira Set 2011
Posted Arte e Multimédia, Richard Wagner
in≈ Comentários Desativados em Ring Saga
Cf. Cristina Fernandes, ‘Tetralogia portátil’, in Público, 16 de Setembro de 2011.
15 Quinta-feira Set 2011
Posted Máquina do Corpo
in≈ Comentários Desativados em A evolução do olho
O olho humano é um órgão intricadamente complexo. Funciona como uma câmara que recebe e foca a luz e a converte num sinal eléctrico que o cérebro traduz em imagens. Mas em vez de uma película fotográfica, possui uma retina que detecta a luz e processa os sinais usando dezenas de neurónios de tipos diferentes. […] Ainda assim, os biólogos fizeram recentemente avanços significativos na reconstituição da origem do olho – estudando a sua formação durante o desenvolvimento embrionário e comparando a estrutura do olho e os genes entre várias espécies de modo a reconstruir o momento em que as suas características fundamentais surgiram. Os resultados indicam que o nosso tipo de olho – o tipo que é comum entre os vertrebados – formou-se em menos de 100 milhões de anos, evoluindo de um simples sensor de ritmos circadianos (diários) e sazonais há 600 milhões de anos para um órgão óptica e neurologicamente sofisticado há cerca de 500 milhões de anos.
Trevor D. Lamb, ‘The Evolution of the Eye’, in Scientific American, July 2011, p. 48 [Trad. MP].
14 Quarta-feira Set 2011
Posted Máquina do Corpo
in≈ Comentários Desativados em Uma máquina de ver e ouvir
Vincent Van Gogh, O Pomar Branco (1888; óleo sobre tela, 60 x 81 cm), Van Gogh Museum.
Fecho os olhos e vejo. Imagino-me a ver. Recordando o que antes viu, o ponto de vista que me faz ser eu produz, a partir do que viu, imagens interiores do mundo exterior. Tapo os ouvidos e oiço. Escuto-me a escutar. Recordando o que antes ouviu, o ponto de escuta que me faz ser eu produz, a partir do que ouviu, sons interiores do mundo exterior. Oiço nesta frase o eco da frase anterior. Vejo-as, uma e outra, como repetições diferidas e transformadas. Imagens vistas dos sons que há nas palavras e que a escrita me faz voltar a escutar. Os olhos e os ouvidos são membranas entre o sentimento de ser eu em mim e a sensação de ser o mundo em mim. Através da recordação, as imagens e os sons da memória refractam a percepção que passou. Vêem, sem as verem, como se as tivessem visto. Escutam, sem os escutarem, como se os tivessem escutado. Não já a percepção no momento em que, modificados pelas ondas e partículas de luz reflectidas pela vista para lá da janela, os olhos viram de novo o acto de ver. No acto de se verem a si próprios a ver, surpreendidos pela solidez com que a luz amarela desta tarde sustém as árvores e o muro do outro lado da rua. Não já a impressão de terem escutado: no leve movimento surdo das folhas através do vidro os ouvidos recordam o vento inaudível. Abro os olhos e oiço. Destapo os ouvidos e vejo.
13 Terça-feira Set 2011
Posted Arte e Multimédia, Arte e Tecnologia
in≈ Comentários Desativados em Touch Wood SH-08C: Jesu, Joy of Man’s Desiring (BWV 147)
Excerto da partitura da Cantata BWV 147, de Johann Sebastian Bach (estreada em 1723). Esta obra foi originalmente orquestrada para coro, trompete, oboé (opcional), viola e baixo contínuo.
Texto original do hino alemão de Martin Jahn (c. 1620-c. 1682), musicado por Johann Schop (1642), e apropriado por Bach na sua Cantata BWV 147
Wohl mir, daß ich Jesum habe,
o wie feste halt’ ich ihn,
daß er mir mein Herze labe,
wenn ich krank und traurig bin.
Jesum hab’ ich, der mich liebet
und sich mir zu eigen giebet,
ach drum laß’ ich Jesum nicht,
wenn mir gleich mein Herze bricht.
—from BWV 147, Chorale movement no. 6
Jesus bleibet meine Freude,
meines Herzens Trost und Saft,
Jesus wehret allem Leide,
er ist meines Lebens Kraft,
meiner Augen Lust und Sonne,
meiner Seele Schatz und Wonne;
darum laß’ ich Jesum nicht
aus dem Herzen und Gesicht.
—from BWV 147, Chorale movement no. 10
Tradução em inglês
Well for me that I have Jesus,
O how strong I hold to him
that he might refresh my heart,
when sick and sad am I.
Jesus have I, who loves me
and gives to me his own,
ah, therefore I will not leave Jesus,
when I feel my heart is breaking.
—from BWV 147, Chorale movement no 6
Jesus remains my joy,
my heart’s comfort and essence,
Jesus resists all suffering,
He is my life’s strength,
my eye’s desire and sun,
my soul’s love and joy;
so will I not leave Jesus
out of heart and face.
—from BWV 147, Chorale movement no. 10
11 Domingo Set 2011
Posted Arte e Multimédia, Teoria das Artes, Teoria dos Média
in≈ Comentários Desativados em Programa de Arte e Multimédia, 2011-2012
Este programa centra-se na descrição da relação entre os processos de integração das artes e os processos de integração dos média. A observação das práticas multimédia e intermédia contemporâneas será precedida por uma reflexão sobre a especificidade do regime de representação das artes e do regime de inscrição dos média nos séculos XIX e XX. A grelha simbólica da representação artística tradicional (literatura, pintura, música, escultura, teatro, dança) é contrastada com a inscrição automática característica da representação fotográfica, fonográfica, cinematográfica, videográfica e cibernética. Reflectiremos ainda sobre o modo como a reprodução técnica retroage sobre as próprias práticas e formas artísticas, modificando-as. A reprodutibilidade digital dos novos média, dependente do processamento computacional, originou uma estética de base de dados que incrementa a recombinação convergente de formas artísticas e de meios tecnológicos. Graças a isso, a multimediação constitui-se como uma das práticas artísticas dominantes do século XXI.
O programa divide-se nos seguintes temas:
Tema 1: A arte como matéria e como mediação: a materialidade das artes e dos meios. Como definir multimédia? [4 aulas]
Tema 2: O regime da arte e o regime dos média: inscrição simbólica vs. inscrição física do real [4 aulas]
Tema 3: Os limites da arte como limites do meio: singularidade e multiplicidade dos meios [4 aulas]
Tema 4: Reprodutibilidade e multimediação: retroacções entre tecnologia e arte [4 aulas]
Tema 5: A integração das artes e dos meios na era digital: bases de dados, interactividade e imersão [4 aulas]