O mundo operático começou a ser desenvolvido no século XVI pela Camerata Fiorentina, a partir de influências da Antiguidade Clássica, com o objetivo de criar um espetáculo dramático que combinasse monólogos, recitativos, coros, canto, cenário e representação. No século XVII, as óperas eram encomendadas pela corte para serem representadas nos palácios ou em teatros para que toda a população tivesse oportunidade de assistir à mesma.

A ópera, entre muitas outras artes performativas, foi objeto de transmissão online durante o período de quarentena provocado pela crise pandémica em 2020. Consequentemente, houve uma necessidade por parte dos teatros em todo o mundo de continuar a fomentar a “presença” dos espetáculos na cultura da sociedade, a fim de dar a conhecer ao público em geral um leque variado de espetáculos; e de continuar a implementar o hábito e o gosto naqueles que possuem afinidade com o mundo das artes.

Com o propósito de impulsionar a noção de presença, a transmissão online de uma ópera apresenta uma remediação do teatro, pois transmite “uma tentativa de incorporação do meio com o objetivo de minimizar as diferenças”, eliminando a efemeridade e o caráter exclusivo que o espetáculo possui.

No entanto, com objetivo de potencializar a sensação de que estamos a assistir presencialmente ao espetáculo, o conceito de imediacia, que “opera segundo a lógica da transparência“, pretende provocar “uma ilusão de continuidade entre o espaço representado e o espaço real”.

O conceito de hipermediacia também se encontrou presente durante a quarentena pois, através da sua operação segundo a “lógica de opacidade“, houve uma maior tendência ao recurso dos meios digitais com o intuito de tentar dar continuidade à rotina que existia antes da pandemia.

Independentemente de todo o acompanhamento desta “tripla lógica na genealogia dos média” nas artes performativas durante a pandemia, nada substitui a energia provocada pela riqueza instrumental e pelas encantadoras tessituras vocais quando estamos a assistir presencialmente a uma ópera ou a qualquer género de arte performativa.

Opera Streaming no The Metropolitan Opera

Bibliografia: Bolter, Jay David & Grusin, Richard (2000). “Immeddiacy, Hipermediacy, Remediation” in Remediation: Understanding New Media, Cambridge, Massachusetts, MIT Press [1ª edição 1999], pp. 19-50.