Como uma viagem infinita com vários pontos de examinação, os meios digitais são um mundo protagonizado pela remediação. Segundo Jay David Bolter e Richard Grusin em Remediation: Understanding New Media, a principal característica do meio digital é a sua capacidade de representar um meio anterior e os seus conteúdos, relacionando-os com o meio referido. Junta-se a esta particularidade mediática, a da imediação e da hipermediação, também examinadas por Bolter e Grusin, que sugerem uma importância tripartida destes processos.

Desde a sua ascensão até aos dias de hoje, temos vindo a acompanhar várias inovações do mundo digital. Um exemplo que representa na perfeição os processos mediáticos anteriormente referidos, é o da realidade virtual. Como sabemos, a realidade virtual é utilizada em inúmeros setores e industrias, principalmente na do lazer. Apesar de antigo, o exemplo da cadeia de hotéis Marriott é notável, não só pela estratégia de marketing utilizada mas também pela forma como tem vindo a explorar as diferentes inovações e capacidades tecnológicas ao longo da sua história.

Em 2014, a cadeia de hotéis propôs-se a criar um dispositivo de realidade virtual que conseguia levar os participantes a diversos destinos e explora-los com a maior proximidade à realidade, sem sair do conforto da sua cidade. Criado em colaboração com a Framestore, empresa de animação e efeitos visuais, o “Teleporter” consistia numa cápsula com capacidade para uma pessoa, a qual teria que utilizar óculos de efeitos especiais. Os efeitos visuais, sonoros e sensoriais, simultaneamente provocados, promoviam uma experiência em 4D que simulava os locais com a maior veracidade possível.

O processo de imediação é percetível através do exemplo dado. A capacidade do “Teleporter” de proporcionar uma ilusão fidedigna dos diferentes destinos, através dos apelos sensoriais, articula-se à ocultação do meio e da sua materialidade. Este processo é o resultado da simulação da realidade, na tentativa de chegar ao maior grau de precisão e “transparência” do que são os diferentes locais representados. No entanto, o meio é também revelado pela existência de objetos concretos que proporcionam a experiência, levando à exaltação do processo de hipermediação. Este processo resulta da “opacidade” do meio, em que, apesar de este não ser evidenciado, é promovida a consciencialização da sua existência. Sem o meio não seria possível passar pela experiência.

Assim, através dos processos referidos existe uma maior aproximação à realidade, mesmo que esta possa estar a uma distância de quilómetros de nós. “If your eyes, ears, nose and body tell you you are travelling around the world… are you?”

Escrito por: Diana Silva