“I can’t paint”, Aarti Shinde

Meio é uma das tantas palavras polissêmicas da língua portuguesa. Pode definir metade, posição intermédia, fraca intensidade, lugar onde se vive, modo, condição, o que estabelece comunicação, entre outros.

Seres humanos estão imersos em muitos meios, desde o meio ambiente até o meio social e cultural, e todos eles são fatores que definem a personalidade de cada um.

Um dos meios mais influentes à personalidade humana é a arte, até porque “arte” toca muitas das diferentes definições de meio. O lugar onde vivemos – arquitetura e urbanismo – é arte. A forma como vivemos ou agimos com relação a algo – estilos de vida e técnicas – é arte. E especialmente, a forma mais tradicional de arte é o que estabelece comunicação. A escrita, o desenho, a expressão corporal, a comunicação audiovisual.

No momento atual em que vivemos, uma das grandes crises sociais é o paradoxo do audiovisual. Como ele, ao mesmo tempo, e tão intensamente, nos aproxima do que está longe, mas nos afasta do que está perto. É realmente muito positivo termos nas mãos todos os cantos do mundo, podemos ver imagens de altíssima definição e até “caminhar” pelas ruas. Conseguimos respostas para qualquer pergunta em um só clique e até artigos científicos são facilmente alcançáveis. No entanto, no meio de tantas vantagens de se ter o mundo dentro de uma tela, começamos a nos deparar com as desvantagens – até mesmo no que diz respeito à saúde física e mental. O mundo está muito acelerado, as pessoas não sabem mais esperar por nada – tudo é muito imediato. Ler um livro para obter respostas deixou de ser uma opção, e até mesmo o ato de viajar está ficando escasso. Toda essa intensidade de imagens e vídeos, aliado à rapidez com que tudo vem acontecendo, vem tirando a paciência, para parar e sair da rotina, e a curiosidade de conhecer algo novo. No meio de tanta informação fácil e uma geração de que não é pedido esforço, será que ainda há algo de novo?

O homem é um produto de todos os meios que o tocam, e, na menor idade possível, já somos fortemente influenciados pelo meio social e cultural, especialmente a família próxima e o audiovisual. Nossas primeiras ações e palavras vêm desse primeiro contato direto. E, já que somos um produto desses meios, compreende-se superficialmente o que já é comprovado por estudos científicos: a tecnologia tão presente vêm afetando essa geração – cada vez mais ansiosa e depressiva – por se verem tão imersos numa rapidez e intensidade de meias informações, e pela falta do frio na barriga que se dá pela curiosidade, por viver coisas novas, experienciar o que, de fato, nunca foi visto.