Como uma pessoa que gosta de ler, e durante muito tempo se dizia como “anti-ebook”, tenho agora uma precessão diferente, com a dores de costas e o peso dos livros da indecisão sobre que livro levar.

Como falámos durante uma aula, as pessoas que viveram durante o boom da tecnologia, tinham acima de tudo, o medo que os livros impressos fossem desaparecer, que os livros “online” / eletrónicos iam ser o modelo de eleição. Que os jornais iam deixar de ser feitos.

Para mim, o livro em impresso foi sempre a experiência de eleição, todo o ritual de ir à livraria, de andar pelo meio das estantes, pegar nos livros, cheirar as páginas, conviver, sair de casa. Há um ano, foi-me comprado um Kindle, tenho uma nova apreciação pelo mesmo, vou à internet, compro o livro, faço o download para o Kindle, e no mesmo pedaço de tecnologia tenho pelo menos 20 livros, sem ter o peso, sem ter que me preocupar que me vou esquecer de um livro que queria muito ler, ou de ter que esperar para poder ir à livraria para comprar, tudo na ponta dos dedos.

Porém, mesmo com tudo isso, mesmo sendo mais leve que andar com 20 livros físicos, o ritual de sair de casa, levar a minha mãe à livraria pela quarta vez na mesma semana (com grande pena dela), pegar nos livros, ter uma possível recomendação de algum livro que nunca teria pegado, cheirar os livros, comprar e o ter ali mesmo. Para mim, um livro eletrónico nunca vai superar o físico, e por mais que agora não me importe de ler em eletrónico, no final do dia, vou sempre lutar para que o livro tenha páginas de papel, que cheirem a livros, que podes partir a espinha e podes anotar e escrever e emprestares aos amigos.