Podemos considerar a performance como uma manifestação da arte em que o corpo é usado como meio de comunicação. Através da sua fusão com mecanismos tecnológicos, principalmente o registo em vídeo, surgiu uma nova forma de comunicação e interação com a plateia mais espontânea e distanciada.

Sendo a performance uma relação entre “arte corpo comunicação”, possibilitou com a ajuda deste mecanismo uma compreensibilidade linear e uma releitura de momentos artísticos. Com estes avanços tecnológicos, o corpo ficou inserido nos elementos da raiz que constituem uma obra de arte. De passivo passou para ativo e, as obras de arte que o representam passaram a integrá-lo de maneira diferente.

Para quem vê a tecnologia como uma causa de isolamento, tem que refletir que é através dela que desenvolvemos uma interação com o mundo que se vai tornando cada vez mais real. Oferece-nos capacidade de experiência e de reflexão. As imagens que assistimos acabam por ser uma construção do social e, o nosso próprio olhar é um objeto cultural.

A partir dos anos 70, as tecnologias de reprodução de imagem na arte foram introduzidas. Este fenómeno promoveu uma alteração na conceção de presença e iniciou uma nova maneira de fazer arte. As conceções que nós fazemos sobre o corpo igualmente sofreram alterações.

Pipilotti Rist, artista visual e pioneira da videoarte, apresenta trabalhos em que a representação do corpo em vídeo é o principal meio:

Ever is over all, Pipilotti Rist 1997

O corpo não “morre” com a mediação, o corpo por si só já é uma construção, seja a níveis comunicativos ou representativos. O corpo mediado em performance será portanto classificado como um operador, sem sofrer alterações no seu próprio sentido.

O modo como olhamos o mundo e a nossa forma de relacionamento com o meio tem influência na maneira como pensamos sobre o corpo que nos é apresentado.

Bárbara Catalão