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O filme “Her” do director Spyke Jonze fala sobre um escritor solitário chamado Theodore que vive em Los Angeles num futuro próximo. Theodore é um homem solitário que passou por um divórcio recentemente e decide comprar uma assistente virtual, um sistema operativo de inteligência artificial chamado Samantha.

Samantha, seria na nossa vida real, uma versão muito mais avançada de assistentes digitais como a Siri ou o Google Voice. À medida que a tecnologia vai avançando, o ser humano adota cada vez mais uma identidade digital híbrida, consequentemente a tecnologia à nossa volta começa também a ter cada vez mais atributos humanos, sendo os assistentes virtuais um perfeito exemplo disso. Este filme explora assim, num futuro próximo, como se imagina que a sociedade vai ser e a sua tecnologia, explorando essa vertente da tecnologia tornar-se cada vez mais “humana”. É uma sociedade em que a tecnologia é omnipresente, mas a nostalgia pelo contato humano não desaparece. A Samantha é de certa forma no filme, uma entidade digital que aprende com os humanos como ser mais humana. A Samantha tem uma voz humana (auditoria da atriz Scarlett Johansson) e ela organiza os ficheiros do Theo, fá-lo rir e desenvolve uma “consciência humana”. Ao longo do filme ela passa de assistente para amiga, estudante e por fim amante. Pois é, amante, a personagem principal apaixona-se por Samantha, um sistema operativo e acabam por tornar-se um casal. Parece quase um absurdo, mas pensemos como esta tecnologia teria impacto em nós… acho que de qualquer das formas teria um impacto profundo em vários aspetos da nossa vida.

Neste caso a Samantha é um exemplo de cultura digital, uma transcodificação cultural, uma assistente pessoal transformou-se para outro formato, neste caso digital, preservando assim as características que mais apreciamos numa assistente, como os valores humanos. Samantha tenta assim de certa forma “esconder-se”, de ser um sistema operativo para que o seu objetivo de ser uma assistente se torne o mais real humanamente possível, por isso ela vai aprendendo ao longo do filme com o Theodore o que é ser humano, e a linha entre os dois o que é ser e o que não é torna-se difícil de distinguir.

A medida que as novas tecnologias vão entrando nas nossas vidas e a linha que separa o real do virtual torna-se mais difícil de distinguir, o cinema tem vindo a explorar este tema da nossa relação com as tecnologias e que às vezes o que pode ser falso, pode vir a tornar-se verdadeiro num futuro próximo.

Cena do filme quando Theodore “conhece” a Samantha

Carla Marques