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Década de 60, mais especificamente em 1964. Ano em que a “poesia” se transforma em “PO-EX”, a sua vertente experimentalista, através da revista “Poesia Experimental”, colocando em causa a fronteira que delineia que a definição que tínhamos da arte poética.

Sim, isto porque continua a ser poesia, apenas feita de uma forma abstrata até então, e desconsiderada como tal. Da autoria de António Aragão e Herberto Hélder, várias publicações em colaboração com outros autores portugueses, davam um novo significado as palavras, usando-as diretamente para expressar algo que estava limitado a regras para ser chamado de poesia.

Fig.1. «Portugal» de Fernando Aguiar

Fig.2. Poesia de Castro e Melo, que fez emergir a Poesia Experimental Portuguesa

Estes são apenas alguns entre variadíssimos exemplos, das diversas correntes abstratas ao longo do século XX, que desafiavam o sentido dos conceitos artísticos definidos historicamente, como neste caso, a poesia, impulsionados pelas vanguardas europeias. 

E aqui se coloca a questão, onde se delineia as regras do conceito de uma vertente artística? Nunca houve, nem há, uma resposta para isso, sendo esta como outras experiências artísticas, parte daquilo que é arte, expressar a criatividade a partir do conceito base e expandi-la.

Daqui se podem criar outras conclusões, atualmente antiquadas, sobre conceitos históricos, como que a arte é pintura sobre uma tela, nada mais, o que contraria a realidade sendo que as correntes atuais como as artes digitais são exponencialmente cada vez mais populares e valiosas.

Este pensamento é partilhado por Dick Higgens em “Intermedia” – 1965 – “The idea that a painting is made of paint on canvas or that a sculpture should not be painted seems characteristic of the kind of social thought – categorizing and dividing society… However, the social problems that characterize our time… no longer allow a compartmentalized approach… to which separation into rigid categories is absolutely irrelevant.”

As definições de vertentes artísticas ainda vão passar por mais metamorfoses, que alterem o seu significado como as conhecemos hoje pois tanto no início do século XX, com o surgimento do dadaísmo, como atualmente, os valores sociais, políticos e económicos continuam a mudar e a serem postos em causa. Colocar rótulos e definições em conceitos artísticos tão vastos deviam caracterizar de forma incontestável como se faz uma arte, especialmente quando esta tem séculos de história.

Como foi exemplificado a poesia, em 1964, foi “PO-EX”(ia), e amanhã ou daqui a séculos haverá de sofrer mais uma transformação naturalmente.