Atualmente a eletricidade é utilizada por todos, estando presente na maior parte das interações com gadgets e objetos comuns, candeeiros, micro-ondas, entre outros. No entanto, embora haja esta facilidade de uso, o funcionamento da eletricidade não é de todo recente. A eletricidade, começou a ser explorada e analisada na antiguidade, onde os fenómenos elétricos eram um mistério. Na Grécia antiga, o filósofo grego Tales, dedicou-se a examinar minerais que possuíam a capacidade de se atrair, apôs serem friccionados. As pedras de âmbar, encontradas na região da Magnésia avançaram e concluíram grande parte do seu estudo, porém só dezanove séculos depois é que se descobriu a verdadeira razão da atração entre dois pólos.

William Gilbert, físico britânico, considerado um experimentalista na pesquisa sobre fenómenos elétricos, contribuiu significativamente para a conclusão de que, para a eletricidade funcionar, era necessário o magnetismo funcionar em simultâneo. Atualmente, é conhecido que o magnetismo cria a eletricidade e a eletricidade gera o magnetismo, contudo, na época em que Gilbert viveu, estas associações eram difíceis de ser atingidas, dado que as correntes elétricas e aquilo que as mesmas geravam, ainda não tinham sido descobertas (eletrões, protões, neutrões). Em 1600, William, publicou o livro “De Magnet”, onde prosseguiu com o estudo de Tales, de modo a justificar a atração gerada pelos ímanes quando sofriam alguma interação de atrito.

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De Magnete, Magneticisque Corporibus, et de Magno Magnete Tellure

Gilbert, criou um instrumento científico para conseguir avaliar o modo como os ímanes agiam — o versorium. O versorium, tinha uma estrutura bastante simples, composta por uma agulha metálica, que se apoiava sobre uma ponta igualmente metálica. O funcionamento do instrumento, baseava-se em primeiro lugar, no uso de pedaços minerais, maioritariamente o âmbar, friccionados e posteriormente colocados na extremidade do objeto. A substância eletrizada pela fricção, era colocada perto de uma das pontas do versorium que instantaneamente rodava. Independentemente de os minerais serem colocados após o atrito, o calor que os mesmos produziam não era responsável pelo girar da agulha, mas sim a eletricidade que geravam. Partindo do conhecimento obtido nesse experimento W. Gilbert procurou esclarecer os motivos pelos quais estes fenómenos elétricos ocorriam.

Para além do versorium, outro instrumento científico foi manuseado, de forma a servir de apoio ao estudo do fluxo da carga elétrica: a agulha de magnetite. O físico, construiu uma esfera utilizando um mineral magnético formado por óxidos de ferro, a Terrella, que significa terra pequena. Através da Terrella, averiguou que ao posicionar uma bússola em cima da mesma, a bússola se direcionava para um determinado rumo, mostrando o sentido norte/sul. O conceito de campo magnético assenta neste procedimento, em que, com o auxílio da bússola é mostrada a direção da força magnética.

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Terretela

A finalidade deste estudo, descrito por W. Gilbert foi, determinar as diferenças entre a atração elétrica e a ação magnética de um minério de ferro, e o porquê das mesmas se interligarem. Hoje em dia, este conceito pode-se considerar como o conceito científico de eletromagnetismo. Embora a construção seja simples, a relevância do versorium e da terrella é imensa, uma vez que marcaram o estudo a fundo da eletricidade, por conseguinte tiveram um papel importante na História da Eletrotecnia.

Bárbara Videira