Tendo por base a análise do vídeo “Start experiencing the never-before-seen” produzido pela samsung e publicado no Youtube procurarei levantar uma série de pontos que vão de análises a reflexões críticas.

Em primeiro lugar, o vídeo enquadra-se enquanto meio de produção técnico-cientifica recorrendo aos meios tecnológicos de captação e filmagem da realidade e apresenta-se enquanto forma de transmitir uma mensagem. Depois, recorre ao texto para transmitir essa mensagem que acaba por aliar-se às imagens que são apresentadas em simultâneo. É utilizada uma metodologia de aconselhamento baseada nos contrastes, denunciando o que estaria errado/seria para diminuir e substituindo-o pelo que seria certo/os seres humanos devem aumentar ou fazer mais. São elas: parar de assistir e começar a experimentar; parar de ver e começar a sentir; parar de precisar e começar a descobrir; A seguir o vídeo segue com palavras-chave como solução: os detalhes e a profundidade.

À primeira vista o vídeo parece bastante interessante com uma mensagem bastante atual e enquadrada com o nosso período histórico e geracional, em que a maioria das pessoas está absolutamente dependente das tecnologias e deixou de aproveitar o que a natureza tem para nos oferecer: sendo que as imagens e vídeos transmitidos representam ou são todos relativos a paisagens naturais (gelo, lagos, montanhas…). Acontece que, toda esta mensagem está contida num vídeo que nada mais é que um anúncio publicitário ao plasma da samsung, patrocinado pela marca em questão. Isto torna-se, no limite, hipócrita, porque ao mesmo tempo que aconselha as pessoas a deixarem de assistir e passarem a experimentar está a requerer-lhes que comprem a televisão. Enquanto pede que parem de ver e comecem a sentir está a expressar-se na forma de vídeo que, biologicamente falando é absorvido através da visão (mesmo que possa ter impactos emocionais ou sentimentais). A mensagem recomenda ainda que se pare de precisar e comece a descobrir, quase que ignorando o estar a publicitar um meio tecnológico (televisão) que pode causar diversas dependências (físicas e emocionais). Por fim, incentiva aos detalhes e à profundidade, algo que não é particularmente conseguido através da assistência a programas de televisão, que, na maioria das vezes são superficiais e contribuem para uma propaganda à cultura hegemónica. A capacidade de profundidade na transmissão que esta televisão possa conter não desenvolve objetivamente as ferramentas críticas dos espetadores.

Em suma, embora possamos reconhecer o valor estético e eficácia publicitária do vídeo não devemos ignorar as suas contradições inerentes.

Raquel Pedro