Vivemos numa sociedade marcada pelo avanço tecnológico, onde somos constantemente “bombardeados” com publicidade a novas tecnologias, cada vez mais sofisticadas.

A partir da análise do vídeo “Finding the Perfect Reality”, produzido pela Samsung, é de notar a ênfase colocada na ideia do pormenor. As imagens, de elevada resolução, são comparadas a obras de arte, onde tudo é “desenhado” com máximo detalhe, transmitindo uma realidade melhorada, na sua forma mais perfeita. Esta perfeição é consequência das condições materiais que produzem essa imagem e das convenções que lhe estão associadas.

 No nosso dia a dia, somos convidados a assistir aos acontecimentos em frente ao ecrã, devido à grande qualidade das imagens que, cada vez mais, têm vindo a substituir a realidade. Permanece a ideia de que existe uma continuidade entre o que está dentro e fora do ecrã, dada a realidade pormenorizada que a imagem transparece. Deste modo, há uma ilusão entre o que é real e o que é virtual. Esta “imagem real” cria em nós a perceção de estar fisicamente presente num mundo virtual, confundindo, desta forma, os nossos sentidos. Tal como refere José Terceiro em “A Sociedade Digital – Do Homo Sapiens ao Homo Digitalis”, “A substituição do átomo pelo bit, do físico pelo virtual, a um ritmo exponencial, vai converter o homo sapiens em homo digitalis”.

A meu ver, o facto de a nossa sociedade dar preferência ao ecrã é preocupante. Nada deve ser substituído por uma imagem por mais perfeita que ela seja. Se antes tínhamos uma vida em contacto com o mundo real, agora temos uma vida em permanente contacto com o mundo digital. Como refere Sherry Turkle, ” Á medida que os seres humanos se confundem cada vez mais com a tecnologia e uns com os outros através da tecnologia, as velhas distinções entre o que é especificamente humano e o que é especificamente tecnológico tornam-se mais complexas. Estaremos a viver uma vida no ecrã ou dentro do ecrã?”.

Gabriela Pereira