Etiquetas

, , ,

Desde o surgimento da caixa mágica que temos uma nova possibilidade de ver e de estar no mundo; um mundo mediado tecnicamente através da televisão; um mundo cujo meio de mediação tem vindo a sofrer constantes desenvolvimentos, inovações e variações e que, utilizando a ideia defendida por Bolter e Grusin, se tem vindo a remediar a ele próprio.

Inicialmente a TV analógica é substituída pela digital que, por sua vez, é complementada pelas Smart TVs; porém, são hoje as plataformas de streaming de vídeo (como a Netflix, a HBO, a Opto SIC ou a NOS Play) que concorrem com a TV digital normalizada. Mas o que há de diferente neste novo meio que não existe na TV normal?

Antes de mais parece ser o facto de estas plataformas serem capazes de remediar não só o dispositivo televisão, onde há uma série de programas que podem ser vistos (muitos ou a totalidade deles exclusivos), mas também o conceito de clubes de vídeo, onde podemos escolher o que queremos ver e em que momento; as plataformas de streaming são assim um meio não só de remediação, mas também de remistura.

Contudo, é por de trás desta camada visível ao utilizador que se escondem as verdadeiras capacidades destes novos meios digitais; capacidades que, como defende Janet Murray, nos transformam em interatores do meio. Estas novas plataformas são programadas de forma a serem capazes de processar um elevado número de informação, contida em servidores e bases de dados, que pode depois ser organizada espacialmente numa interface passível de ser manipulada pelo utilizador interactor.

Mas não será apenas nestas 4 capacidades – processual, enciclopédica, participatória e espacial – que residirá a diferença e mais valia destes meios digitais. É também na sua possível variabilidade, para utilizar o termo defendido por Lev Manovich, que se encontra a grande diferença em relação à TV tradicional. A aparente infinita possibilidade que é dada ao utilizador para escolher e combinar conteúdos, num ou em vários perfis costumizáveis, são o elemento diferenciador e constituinte de valor destas novas plataformas, cada vez mais populares. Popularidade esta que está a ser capaz de influenciar e alterar a forma como até aqui víamos televisão, alterando os nossos hábitos e expectativas, transcodificando a nossa cultura televisiva.

Posto isto, talvez possamos assim afirmar que as plataformas de streaming vieram para substituir (os meios anteriores), complementar (os meios existentes) e alterar a forma como vemos e compreendemos o que é a televisão.

Escrito por: Nádia Costa