Os membros da banda “Gorillaz” com os seus criadores

Encontramo-nos no século XXI e no que toca a música, apesar de ser inovada constantemente, consiste muito em basicamente no mesmo de há 100 anos para cá. Existem cantores, bandas, letras, instrumentos e a mistura de tudo traz-nos as músicas de que nós tanto gostamos. Por isso mesmo, muito poucas bandas podem dizer que são representadas na totalidade por desenhos animados que se manifestaram em algo muito maior que imagens que se mexem, apesar de não existirem. Acho que esta frase seria uma forma muito pouca explicativa do que são os Gorillaz, mas de uma forma muito direta, os Gorillaz são uma banda virtual digital. A banda foi criada em 1998 pelo músico Damon Albarn e o artista Jamie Hewlett e consiste primariamente em quatro membros digitais: o 2-D, o Murdock Niccals, a Noodle e o Russel Hobbs. Cada membro tem a sua história que têm sido contadas através dos vários usos da multimédia, com “entrevistas” falsas com os membros, as tours interativas ou os vídeos das músicas que exploram as aventuras dos membros da banda. Apesar de serem uma banda digital, músicos reais já colaboraram com esta banda, fazendo a linha que separa o real do virtual difícil de distinguir e bastante aliciante para os fãs.

Apesar de os Gorillaz serem um produto desta era digital, a música é o que suporta este projeto. São intitulados pelo gênero R&B virtual por vários críticos, mas ao longos dos anos e quatro álbuns depois e agora a lançar uma “web series” (temporada com lançamentos de episódios musicais uma vez por mês), é muito difícil perceber o tipo de música que tocam, porque já experimentaram géneros como electrónica, jazz ácido, rock punk e até trip hop. O que define por certo os Gorillaz não é só um género, mas um número ilimitado deles e de experimentações que tornou a banda num ícone popular.

O que torna tão interessante este tema, foi como em 1998 Damon Albarn criou esta banda numa altura em que havia metade dos recursos tecnológicos que existem agora. Pode-se dizer, de certa forma, que era um progressista, estaria já a visionar que o futuro tornar-se-ia cada vez mais digital? E por isso, por que não haver uma banda virtual? A sua visão tornou-se um sucesso enorme, e hoje até é possível ver um concerto dos Gorillaz graças a hologramas 3D. A interatividade desta banda através dos diferentes média tornou-se assim um exemplo de uma cultura digital.

“Entrevista” com Murdock e 2-D
Perfomance ao “vivo” da banda com uso de tecnologia de hologramas 3D

Carla Marques