Podemos descrever a fotografia como uma técnica de criação de imagens por meio de exposição luminosa, fixadas em uma superfície fotossensível. A origem da palavra fotografia é grega e significa escrita da luz. Visto que, o método principal de registro da época em que surgem as primeiras fotografias era a escrita, esse nome foi dado como uma forma de traduzir essa inscrição da luz em uma superfície.

Os primeiros registros fotográficos foram consequências de um processo de evolução dos trabalhos de diversos criadores ao longo de muitos anos, ao exemplo das câmaras escuras utilizadas por artistas no século XVI ou os experimentos em prata dos cientistas Angelo Sala (1604) e Johann Heinrich (1724). Mas, a primeira fotografia reconhecida foi uma imagem produzida em uma placa de estanho coberta por um derivado de petróleo fotosssensível, em 1826, por Joseph Nicéphore Niépce. 

No entanto, a fotografia só se popularizou em 1888, quando a empresa Kodak anunciou a venda de câmeras que não necessitavam de fotógrafos profissionais e permitiam que todos pudessem tirar suas próprias fotografias. Desde então, devido às evoluções tecnológicas e a grande importância dada às imagens, os processos de inscrição destas se tornaram completamente ordinários e cotidianos para as pessoas. 

Nesse sentido, é possível perceber que uns dos motivos pelo quais a fotografia se tornou uma das formas de registo mais comuns e utilizadas, desse período até os dias atuais, foi a capacidade das fotografias de criarem uma inscrição do real feita pela própria luz e a característica de captura de um instante que um registo fotográfico possui. É como se a própria luz se inscrevesse e, aquele segundo capturado, pudesse registrar o tempo em que a luz se inscreve.  

Dessa forma, ao observarmos a evolução das imagens, é possível perceber essa tentativa de inscrição do real e de captura dos instantes, como um dos objetivos inerentes à maioria dos registros fotográficos. Desde o que se acredita ser o primeiro autorretrato, feito de Robert Cornelius (1839), até as “selfies” publicadas nas redes sociais da celebridade Kylie Jenner. 

Apesar disso, é importante evidenciar que as evoluções tecnológicas presentes nessas duas fotografias não são a única diferença entre elas, mas também a forma como o consumo de imagens e formas de comunicação se alteraram durante os anos. Isto é, as duas fotografias registram os momentos e o tempo em que foram produzidas, mas evidenciam a linguagem da época em que se inserem. 

Assim, a comunicação na atualidade é fruto das convenções e padrões que as redes sociais, como o Instagram, introduziram na sociedade contemporânea, então, podemos afirmar que o Instagram é a mensagem. E, por isso, pode-se dizer que as fotografias ao longo dos anos foram utilizadas como uma maneira de comunicar o real, sem a descrição através de palavras, mas através de inscrições da luz e que essa comunicação foi sendo moldada por convenções, estabelecidas por plataformas digitais, até se tornarem o que são hoje.

Amanda Porto, 2019.