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Primeiramente, para percebermos de que modo nos relacionamos e consumimos estas obras de arte digitais temos de definir o que é arte digital.

Arte digital é uma arte que é produzida por meio computacional por intermédio de software e hardware, encaixando-se portanto num espaço virtual. E esta pode ser entendida no campo da arte contemporânea como animações, vídeos ou pinturas.

Tendo por base o livro de 1972 de John Berger “Ways of Seeing”, o autor fala de como a arte devia ser acessível ao maior número de pessoas possíveis por esta retratar uma história que nos pertence a todos. Em 1972, o ano em que este livro foi publicado não havia uma mínima noção da influência da Internet e de como esta ia afetar a relação que nós temos com as obras de arte.

Quando introduzimos um meio digital no campo artístico  este vai afetar a produção, a criação, a sua distribuição e consequentemente a sua recepção artística .

Um exemplo de uma arte digital é a visita virtual à Capela Sistina que nos é cedida através do site do Vaticano. A Capela Sistina é constituída por vastas obras feitas no Renascimento pelos mais famosos artistas: Michelangelo, Rafael, Perugino e Sandro Botticelli.

Os quadros criados nessa época específica usavam a perspectiva rigorosa e científica, o sfumato e até certas modificações nas formas representadas que nos faz sentir dentro da pintura o que resulta de uma grande imersão ótica.

Quando fazemos a online tour da Capela Sistina, também existe essa imersão, mas essa imersão não é apenas ótica mas também sonora ( toca um canto religioso mal abrimos o site),  mas essa imersão agora não acontece por uma mão de um artista mas sim por uma câmera virtual que nada menos se trata de um software com várias imagens panorâmicas em que a câmera são os nossos olhos e essa ilusão faz-nos sentir presencialmente na Capela.


http://www.vatican.va/various/cappelle/sistina_vr/index.html

Apesar de a realidade virtual estar tão avançada fazendo-nos sentir que estamos num sítio enquanto estamos noutro a verdade é que essas tours virtuais nunca irão substituir as tours reais. Não se trata apenas de realmente ver os quadros ao vivos mas sim do carácter único que só conseguimos experienciar com os nossos olhos mas sim pelo capital simbólico que toda essa experiência nos dá. Eu estive realmente lá. Eu vi com os meus próprios olhos. 

Beatriz S. Monteiro