O cinema e a reprodutibilidade técnica são inseparáveis. Não só na produção como também na sua reprodução, a técnica está presente no cinema e o seu aparecimento mudou completamente o comportamento do público diante da arte.

Segundo Walter Benjamin, considera-se o cinema como arte, partindo da comparação entre fotografia e filme. Na sua obra “A Obra de Arte na Era da Sua Reprodutibilidade Técnica”, publicado em 1936, é salientado o contraste de um ator cinematográfico para um ator de teatro.

No teatro, o ator enfrenta o público definitivamente através da sua própria pessoa, sem qualquer intervenção de aparelhos (câmaras). É ainda visível no ator de teatro, a ideia de continuidade no tempo (sem cortes).

Ao contrário do ator de teatro, na cinematografia, o ator apresenta-se indiretamente ao público, ou seja, não está diante dos espectadores, mas sim de aparelhos (câmaras). Atua em frente a uma equipa técnica que filma as suas cenas. No cinema, a imagem é como uma representação do real, onde o espectador pode perceber o “mundo” que não tinha consciência de aceder. Benjamin declara que a câmara é como a nossa primeira vez no inconsciente ótico.

“A Sétima Arte”

Para ele, o ator de cinema perde a sua aura, a forma singular composta de elementos espaciais e temporais. Isto traduz-se, no facto de o corpo do ator ser usado nas câmaras, tornando-o como um “simples acessório”. O espectador é, então, hipnotizado pela imagem que vê.

Assim, a partir da teoria de Benjamin, podemos concluir que no cinema “a reprodutibilidade técnica do filme tem seu fundamento imediato na técnica de reprodução.”

Ana Rita Coelho