A experiência mediada não substitui o real.

Claro. Todas as texturas, tons, emoção e linguagem de uma obra não podem ser inteiramente capturadas ou veiculadas em um ecrã, por mais avançados os meios para retratá-las.

É contudo inegável que pela primeira vez na história tenhamos, como civilização, dispostos tantos recursos para explorar o mundo que nos cerca de maneiras completamente novas.

A infusão da tecnologia na cena artística traz uma experiência paradigmaticamente diferente de tudo que conhecíamos antes. Agora podemos explorar narrativas e perspectivas que só são possíveis por conta da imersividade tecnológica e da forma como entregamos nossos sentidos à estes meios.

Um resultado imediato deste fenômeno, para além da nova relação sensorial que agora se é possível experienciar, é o acesso (quase que) ilimitado à materiais artísticos dos quatros cantos do mundo.

O Google Arts and Culture é um belíssimo exemplo desta tendência de inovação e globalização artísticas.

Lançado em 2011, o programa (que começou como uma parceria com os principais museus da Europa e dos EUA), pouco tempo depois se estendeu para diversos outros espaços de exposição ao redor do mundo.

Atualmente, milhares de obras estão disponíveis para visualização, além de tours interativos por museus e ferramentas educacionais, que têm como intuito fomentar o interesse do público pela arte e cultura.

O boom no acesso à arte, não escapa às devidas críticas, como é evidente.

No entanto, a democratização ao acesso à Cultura e arte são resultados explêndidos e inegavelmente positivos do avanço tecnológico como advento.

Talvez a mediatização realmente não substitua a experiência, talvez ela crie outras experiências, ou quiçá nem isso: talvez ela seja somente o primeiro contato de milhares de pessoas com o mundo artístico.

Seja como for: com ou sem aura, com ou sem originalidade; Seu propósito permanece o mais nobre e intacto: oferecer novas perspectivas e promover reflexões sobre o que nos fez e nos faz humanos.

Giovanna Carvalho