A remediação manifesta-se em toda a história dos media. Existem, no mínimo, quatro conceitos que me permitem pensar na forma excecional como estes se transformam.

Começo pela definição introdutória: a de mediação. Consistindo na forma como as informações chegam até nós – como o próprio nome indica – este é um mediador entre o digital e o real. A partir do conceito de Marshall McLuhan, que considera que “o meio é a mensagem”, os autores Bolter e Grusin, produzem o conceito de remediação que é caracterizado pelo facto de os media se transformarem e coexistirem com os media anteriores, analisando as relações entre os diferentes media, em que um depende e reconfigura-se de outro. Neste processo, dá-se então uma evolução que se traduz na aprimoração do meio anterior.

Os meios de comunicação sofreram evolução, desde o momento em que foram criados, até aos dias de hoje. A rádio, por exemplo, que servia para a transmissão de notícias, passou à música, e mais recentemente a podcasts ou publicidade. A própria comunicação humana emergiu com o avanço tecnológico, desde as gravuras e pinturas rupestres aos atuais e-mails. As mensagens de texto passam a SMS, e aos “emojis” – respostas rápidas e evidentes das emoções. Tudo isto constituiu aquilo a que Lavoisier afirmava: “nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”.

A comunicação como exemplo de remediação

Na remediação podemos pensar em duas lógicas bem distintas: a da transparência, em que existe uma ocultação do meio, tornando-o invisível, como por exemplo os filmes em 3D, com efeitos especiais e sonoros, que proporcionam aos espectadores a sensação de inclusão no meio virtual. Quanto ao segundo, assenta na opacidade, estranhamento e revelação do meio, onde este se tenta tornar visível. Os telejornais, por exemplo, ressaltam o meio proveniente de certa informação.

Assim, se a comunicação evolui, então tudo evolui. Todo o digital adquire uma nova forma mais prática e respeitadora das feições antigas, no entanto o novo prevalece.

Imediação/Hipermediação

Ana Rita Coelho