Este projeto ou obra digital de Alex Saum propõe a possibilidade de pensarmos na beleza em algo que seja apenas local, isto é, vermos a beleza como algo só físico, relacionado com a natureza ao longo desta composição áudio-visual.

A nível formal, podemos destacar uma tentativa de proceder ou entrar num certo website com o objetivo de assistirmos à própria obra digital. Assim, vemos várias perguntas que remetem sempre para uma questão fundamental “What are we dude?” ou, traduzido em português “O que é que nós somos?”. Para além disso, penso que esta obra é bastante interativa, pois tal como refiro anteriormente, existe uma tentativa de assistir à própria obra digital navegando por vários “links”, passando várias vezes, também, por um “disclaimer”.

01:33 – Beauty

Seguimos com, finalmente, digamos o “inicio” da obra digital com a própria autora e artista deste trabalho a colocar por exemplo batom, como também arranjar o cabelo, retirar o batom e meter um aparelho para os dentes; isto tudo em quatro planos que estão sincronizados no silêncio que se ouve enquanto esta mesmo aplica tudo em si só. Durante a obra, acabam por existir mais planos da artista a fazer variadas ações relativamente à beleza e a tudo o que esta representa. Além disso, é preciso ainda destacar o aparecimento de uma máquina que se encontra a mover lenha, através da qual penso que Saum tenta nos avisar da importância de como a indústria cosmética é mais um fator para a destruição ambiental, como também animal. A meio desta é exibida uma frase que diz “Beauty is rooted like a tree”, demonstrando, mais uma vez, os vários planos da artista e agora uma pequena reportagem por parte do jornal “The Guardian” em relação aos fogos que aconteceram na Amazónia e que acabaram por destruir várias habitações e modos de vida dos indígenas que lá residem. Penso que Saum, mais uma vez, alerta para a futilidade que é beleza, enquanto no vídeo, ela continua a aperfeiçoar a sua estética ao mesmo tempo que a pequena reportagem alerta para a destruição do nosso ecossistema.

07:40 – “Beauty and Nature”

Para além disso, ela explora o conceito de “hyperobject” de Timothy Morton, que consiste basicamente em diferentes objetos na sua natureza, função e estilo, que acabam por ter inúmeras propriedades em comum, destacando o facto de serem “nonlocal”. O vídeo ou a obra termina com a demonstração de três frases que resume muito bem o que foi demonstrado anteriormente e que sintetiza a obra: “Hey, cheer up. None of this matters. We are all burning anyways.”.

Com isto, Saum propõe a ideia de que estes “hyperobjects” nunca poderão ser bonitos. Ou seja, esta explora o aquecimento global e a destruição ambiental relacionados com o propósito de beleza, daí o título “beauty routine (a burning desire)”.

Pessoalmente, penso que esta obra é importantíssima nos dias de hoje devido a não só alertar ao que continuamos a fazer ao nosso planeta, como também o quão superficial podem ser os padrões de beleza. Saum consegue interligar essas duas temáticas ao expor-se perante uma câmara enquanto faz a sua “beauty routine”. Assim, faz-nos questionar como é que é possível sermos bonitos como participantes das redes sociais e seus fins. Penso que é necessário assimilar o que acontece ao nosso redor e trabalhar para combater as coisas mais importantes e essenciais para a nossa sobrevivência e deixar de dar tanto destaque a coisas fúteis e básicas, tal como a beleza.

Escrito por: Tomás Almeida

Fontes: https://projects.cah.ucf.edu/mediaartsexhibits/uncontinuity/SaumPascual/saumpascual.html // https://en.wikipedia.org/wiki/Timothy_Morton