Etiquetas

, , , ,

Very Nervous System é uma obra de arte interativa criada por David Rokeby. Nesta obra David Rokeby criou um espaço em que sons são gerados por movimentos do corpo. Usa processadores de imagem, computadores, câmaras de vídeo, sintetizadores e um sistema de som para criar uma interface invisível, em que o corpo humano gera música. A interface do Very Nervous System na verdade não deteta o movimento mas sim as mudanças na luz. Ao comparar a luz num frame de um vídeo com frames anteriores, vai determinar a parte do vídeo que mudou e o quanto mudou. O VNS tem dois modos de análise, o movimento e a presença. A análise do movimento é feita comparando o frame atual com os anteriores mais recentes, enquanto que a análise da presença já faz comparações com frames mais antigos que podem estar já guardados. O programa de computador transforma em tempo real a informação de movimento em som, o que permite ao visitante usufruir desta resposta direta, e inverte a relação habitual entre música e dança, uma vez que é o movimento a gerar o som. O que a interface tem de especial é ser invisível e muito extensa quanto à área que abrange.

Ao expor o VNS na Siggraph Art Show, em 1988, Rokeby analisou o comportamento de quem interagia com a sua obra. O público, ao entrar na instalação, procedia a um teste para verificar se a interatividade funcionava e se o sistema responde de forma idêntica a movimentos semelhantes. O teste consistia em, depois de entrar no espaço, esperar que o sistema deixasse de produzir som e depois fazer um gesto. O gesto era reproduzido mais uma ou duas vezes para assegurar que a resposta sonora ao impulso se mantinha. Depois desta interação os visitantes percebiam que o sistema era de facto interativo e exploravam as suas potencialidades com movimentos diversos. Algumas pessoas saiam da instalação confusas.

O artista confirma já ter sofrido efeitos secundários devido a uma interação excessiva com a sua obra. Explica que após longos períodos de interação o sentido de conexão, de ligação, com o ambiente que nos rodeia muda: “Ao caminhar pela rua sinto-me ligado a todas as coisas. O som de um salpico criado por um carro a passar numa poça parece estar diretamente relacionado com os meus movimentos. Sinto-me implicado em todas as ações que me rodeiam. Por outro lado, se eu puser um CD a tocar, sinto-me rapidamente traído porque a música não muda consoante as minhas ações.” (Rokeby, 1998)

Sound motion mix to create interactive art at Kelowna Art ...

Rokeby confessa que inicialmente, explorou ao máximo as possibilidades do sintetizador e quem interagia com a obra ficava baralhado porque não percebia de que forma afetava o som quando se mexia. Os movimentos ditavam tantos aspetos que o sistema ficou “interativo demais”, tornando a interação desagradável, deixando muitas pessoas a pensar que se tratava de uma cassete e não de interatividade. Ao reduzir as variáveis a interação tornou-se mais aprazível, desta forma os visitantes compreendiam rapidamente o impacto que os seus gestos tinham no som.

Referências:

Ekman, Ulrik. (2014). Transformations of Transforming Mirrors: An Interview with David                                           Rokeby.                                           Acedido                                           em: https://www.researchgate.net/publication/276454651_Transformations_of_Transforming_Mirro rs_An_Interview_with_David_Rokeby

Oliveira, Kamila Costa de. (s. d.). David Rokeby. Escola de Música e Belas Artes do Paraná. Acedido em: https://www.academia.edu/35204293/David_Rokeby

Rokeby, David (s.d.). TRANSFORMING MIRRORS Subjectivity and Control in Interactive                                               Media.                                             Acedido                                                 em: http://www.laurence.com.ar/artes/comun/Transforming%20Mirrors.pdf

Rokeby, David. (1998). The Construction of Experience: Interface as Content. In Clark Dodsworth, Jr., Digital Illusion: Entertaining the Future with High Technology. Addison-Wesley                                         Publishing                                          Company.                                          Acedido                                          em: http://www.sfu.ca/~jtoal/papers/Rokeby%20ConstructionofExperience.pdf

Rokeby,       David.       (2007).                    David        Rokeby      –                    Artist.       Acedido                    em: http://www.davidrokeby.com/