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Contar e ouvir histórias sempre fez parte da vida humana em sociedade. Se na Grécia Antiga, a audiência juntava-se para ouvir os aedos e suas poesias sobre heróis e deuses, hoje assistimos estas mesmas narrativas nos grandes ecrãs do cinema. Além da mudança de media que transmite a história, os avanços tecnológicos também resultaram em transformações na forma de se contar tais narrativas. Homero apenas descrevia as sangrentas batalhas nos portões de Troia, os cineastas contemporâneos precisam torná-las as mais realistas e grandiosas possíveis. O surgimento posterior do CGI (computer-generated imagery) contribui de forma significativa para elevar o nível de exigência do público, que passou cada vez mais querer ir além do ouvir ou assistir uma ficção, passou a querer o real.

Entretanto, esta busca por um hiper realismo é um desafio, que exige, afinal, o apagamento do media pelo qual a obra é transmitida. Já na passagem dos anos 1990 para os 2000, a dupla de estudiosos sobre os media Jay David Bolter e Richard Grusin, cunhou em sua obra Remediation: Understanding New Media um nome para esta ideia: immediacy. No contexto do livro, o conceito aplicava-se para a realidade virtual e como esta teria o propósito de desaparecer e se assemelhar com a vida real. Porém, podemos transferir essa concepção para o cinema, media protagonista deste texto. 

Immediacy está intimamente ligada à ideia de experiência. O espectador quer fazer parte do filme, não apenas assisti-lo. Para isso, surgem formas de exibição cada vez mais imersivas, que vão muito além da imagem 3D. Exemplos disto são as salas IMAX e 4DX. A primeira é composta por um ecrã maior que o convencional, com qualidade de imagem 4K e equipamentos de som que espalhados por todo o ambiente, que transmitem os sons nas direções correspondentes às do filme. Se a personagem ouve uma porta abrir a sua direita, é nesta mesma direção que o espectador a escutará na sala de exibição.

Já o segundo exemplo, as salas 4DX, podem ser consideradas um passo a mais em direção da imersão. Nestas, acrescentam-se ao grande ecrã com qualidade 4K e do som transmitido de forma realista, efeitos especiais como cadeiras que mexem e vibram, o lançamento de poeira, vento e água, entre outros truques mirabolantes. 

Em suma, as audiências de hoje, devido ao contato diário com a reprodução do real pelos media tecnológicos, quando diante do grande ecrã, anseiam não mais apenas para ver um filme, mas fazer parte de um, vivenciando uma experiência imersiva no qual tenta-se a todo custo, apagar o meio e ressaltar a experiência.

A sala de cinema IMAX
A imersiva sessão em 4DX