Por onde começar quando falamos na originalidade crescente dos videoclipes realizados contemporaneamente?
Com a ascenção, disponibilidade e interatividade do meio digital, as oportunidades criativas expandem-se a uma velocidade túrbica.
O videoclipe como ferramenta de apoio musical, tem a sua origem remota no ano de 1894, ano este em que Edward B. Marks e Joe Stern, editores de partituras musicais, contratam o eletricista George Thomas para, junto com alguns artistas, divulgarem a canção “The little lost child”. Aqui, esta técnica era conhecida como “canção ilustrada” por ser iluminada por uma “lanterna mágica”, projetando diferentes imagens estáticas em uma tela, simultanemaente às performances ao vivo dos artistas. Esta “canção ilustrada” evoluiu até àquilo que hoje denominamos de videoclipe.
Passando por várias fases artísticas, hoje o videoclipe da indústria da música é cada vez mais um espaço de inventividade multimédia. Exemplo disso é o videoclipe da canção Modo Turbo, da cantora Luíza Sonza com participação de Pablo Vittar e Anitta.
O videoclipe dirigido pelo duo Alaska (formado por Gustavo Moraes e Marco Lafer) foi inspirado no universo de ficção científica do filme Blade Runner 2049, bem como referências a animes, fliperama e super heróis.
A narrativa começa dentro de uma sala de videojogos com uma decoração asiática onde as cantoras jogam em conjunto. Existe uma máquina no centro que mostra o holograma de uma androide feminina e cada uma das cantoras faz movimentos de dança em cima de uma placa. Durante o jogo elas entram na realidade virtual e transformam-se em super-heroínas. Aqui é necessário apontar várias conotações culturais. No início ouvimos a máquina de arcada a ligar com um timbre retro que me fez lembrar as consolas da década de 1980. A cultura de videojogos é reforçada porque, o facto de a dança ser o modo de jogo, é uma alusão às máquinas de Dance Dance Revolution que existem no Japão. Além disso, as roupas que elas usam dentro do videojogo é uma referência ao universo da Sailor Moon, incluindo os seus poderes e o facto de Pabllo ter uma varinha mágica.
O que me chamou a atenção neste videoclipe é o facto de juntar realidade virtual com a música, me fazendo questionar quais serão os futuros limites da arte existente nos videoclipes. Serão os videoclipes uma extensão da artista? Será que a música ganha um outro significado através destes?
Ao meditar nestas questões, creio que o meio digital, bem como a realidade virtual, incorporada num videoclipe é sem margem para dúvidas uma forma criativa, divertida e inesquecível de dar um novo sentido a uma determinada canção.
Bibliografia