Uma das grandes reflexões do nosso novo mundo digital gira em torno do acesso à realidade que os meios nos fornecem, um real fingido por pretender esconder a existência de um interveniente nas trocas de informações. Um paradoxo surge nesse contexto, sugerindo que o meio desapareça quando a própria intenção é incentiva-lo. Para tentar exemplificar e, de alguma forma, responder a essa questão, podemos olhar para uma criação relativamente recente denominada – realidade virtual.

Uma nova conotação foi dada a palavra “realidade”, por conseguirmos ter acesso a um mundo construído onde podemos interagir como se este fosse real. Através dessa nova relação humano – máquina algumas críticas são levantadas como o facto de o meio estar a ocupar um espaço que antes não lhe pertencia, quase que aniquilando a existência do interveniente digital com o qual o ser humano está sujeito. Esse fenómeno se denomina imediacia/imediação, sendo esta a lógica de representação e presença dos meios em si próprios, onde Bolter e Grusin o analisam como transparente, transformando-o em algo natural e por consequência esquecendo-se da sua existência.

Portanto, tendo em vista a remediação, na qual designa a lógica de que os novos médias derivam, transformam e coexistem com os média anteriores, a realidade virtual utiliza, assim, meios antigos na sua base de criação como por exemplo na evolução do cinema, onde foram criadas maquinas e processos digitais que, consequentemente deram origem à realidade virtual que conhecemos hoje, sendo esta um acumular de processos e evoluções dos meios digitais ao longo do tempo.

Sendo assim, podemos refletir que mesmo através da transparência do meio nessa tecnologia há um processo visível, desde as suas bases, para que fosse possível alcançar o seu estatuto atual, mesmo que esse não seja de nosso conhecimento. Devemos pensar, então, até que ponto queremos estar emersos numa realidade não real.

Bibliografia:

Max Rony. 2020 « Futuro Exponencial »

JayDavid Bolter& RichardGrusin Remediation: UnderstandingNewMedia, Cambridge, MA: MIT Press, 2000 [1999].