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Já é fato para os estudos de média a influência do meio na narrativa da mensagem, pois é inegável o impacto dos diferentes meios no processo cognitivo desta. Como Marie-Laure Ryan disserta, médias não são igualmente qualificadas e apesar de que o sentido ou significado da mensagem possa perpetuar, cada média irá manipulá-la e modificá-la para se enquadrar nas suas necessidades. Enquanto um filme aproveita de um sentido dramático de uma história, uma reportagem irá se basear em uma linha cronológica e objetiva dessa mesma.

Entretanto, este conceito de manipulação para suprir diferentes necessidades de médias distintas é bastante básico e aceito como algo quase inofensivo para o sentido da mensagem. Principalmente quando é estudada no que se considera “media velha”, mas se somada com o poder do meio digital, essa manipulação pode alcançar níveis prejudiciais à sociedade como um todo.

Não existe escrita objetiva. E as médias digitais, ao permitir cada vez mais o compartilhamento de experiências e opiniões pessoais, intensifica a subjetividade das informações disponibilizadas. Em um ambiente online onde qualquer indivíduo, tendo ou não conhecimento sobre o assunto ou saber a veracidade dos fatos, pode compartilhar opiniões como verdade absoluta, a manipulação da mensagem se torna quase óbvia.

Evidentemente, os impactos sociais ultrapassam o ambiente online, interferindo no pensamento das massas. Mesmo em um país com amplo acesso à informação, as eleições brasileiras foram extensamente influenciadas pelas notícias falsas compartilhadas nos meios de comunicação, como as de “distribuição de kits gays em escolas públicas” e a “tentativa de instauração do comunismo” levaram diversos eleitores a votarem no atual presidente do Brasil.

Isto combinado com o quase infalível algoritmo das redes sociais a população tende a perder a capacidade de pensamento original. Permitindo o controle do conteúdo que consome, ao se perder no infinito de um “feed”, e de tudo o que adquire, com a programação individual das propagandas. Tornando os meios eletrónicos uma extensão do sistema nervoso, não apenas do indivíduo, mas da humanidade como um todo, a partilhar do mesmo cérebro programado e regido pelo algoritmo, como previsto por Marshall McLuhan.