Inspirado no livro de Ernest Cline, Jogador Nº 1 (Ready Player One), é um filme dirigido por diretor Steven Spielberg, em 2018, que retrata uma sociedade futurística em grande contato com a realidade virtual. Nos é apresentada uma perspectiva bastante pessimista da crescente dependência da sociedade com o uso da tecnologia, sendo essa dependência em grande parte por conta das infinitas possibilidades que se desenvolvem a partir das realidades virtuais. 

O enredo segue o personagem Wade Watts que, assim como toda a sociedade de 2045, prefere a realidade virtual do jogo OASIS ao mundo real. E, quando o criador desse jogo morre, é lançado o desafio de achar a chave de um quebra-cabeça colocado na plataforma, para se tornar o novo dono da fortuna do falecido. Contudo, ao longo do filme percebemos que para vencer, Watts precisa abandonar a existência virtual e experimentar o amor e a realidade que são as coisas que de fato importam em sua vida.

O filme traz, então, uma indagação muito importante: a crescente dependência quanto a  tecnologia da RV poderia nos fazer esquecer o que importa na vida real? Em 2016, Steven Spielberg já alertava no Festival de Cannes “Eu penso que estamos a direcionar-nos no sentido de um media perigoso com a realidade virtual (RV)”. E, penso que a realidade virtual é algo que devemos ter cuidado porque se enquadra no conceito de imediacia de Bolder e Grusin, ou seja, sistemas de ocultação, naturalização e transparência do meio. Logo, a realidade virtual por ser um média que assume a transparência de sua interface, é muito mais imersivo e, esse pode ser o motivo de Spielberg  também acreditar que os jogos de realidade virtual “vão passar a ser uma super droga”.

Ademais, não estamos tão distantes de uma sociedade com grande adesão à realidade virtual, já vemos um grande avanço no desenvolvimento de tecnologias RV. Nesse ano de 2021, a Epic Games arrecadou US$ 1 bilhão em aportes de investidores justamente com objetivo de criar seu próprio metaverso, e a Niantic já está desenvolvendo dispositivos para expandir as formas de interação com seus jogos em realidade aumentada.

Logo, é bem possível que, com os avanços cada vez mais rápidos em tecnologias desse tipo, poderemos vivenciar algo semelhante à realidade proposta em Jogador Número 1. Mas, vale lembrar o que foi dito no filme pelo criador do jogo OASIS, James Halliday (Mark Rylance): “a realidade é o único local onde se pode encontrar a felicidade verdadeira”.