Global Groove é um dos projetos mais influentes na história da videoarte. Caracteriza-se por ser uma junção de colagens inseridas na cultura pop, pela sua edição técnica e colaborações de artistas avant garde.

Após a visualização do vídeo surge um sentimento satisfatório quase utópico da conexão que criamos com a era digital. O projeto apresenta desenhos, gravações e dois corpos que simbolizam um “ritmo global” no sentido em que cada um deles antecipa o futuro e representa uma determinada época. A linguagem em consonância com a tecnologia provoca um impacto global, como por exemplo ao intercalar anúncios da Pepsi com uma performance de John Cage, Allen Ginsberg e Merce Cunningham.

“Electronic Super Highway”

Nam Paik

A citação referida remete a um conceito que abrange a comunidade global unida pela arte e pela tecnologia.

É importante relacionar estas obras com um movimento que ficou conhecido pelo nome “Fluxus”. Foi um movimento que juntou artistas como Cage e Duchamp, que continha ideais estéticos essencialistas, uma postura anárquica e critica, um espírito anti arte e acima de tudo tinha como objetivo ligar a arte ao mundo da tecnologia através da sua interdisciplinaridade e dos seus projetos artísticos. Sugeriu novos modos de criação artística pelo uso da videoarte e da performance, principalmente a vídeo arte que possibilitou uma divulgação da arte pela sua apropriação do vídeo e do cinema.

Fazer arte não deveria ter limitações, a arte vem do artista dando prioridade apenas às suas questões estéticas.

Nam June Paik critica a televisão pela sua manipulação da imagem no aspeto em que se quer libertar da imagem comercial. Até então, os conteúdos televisivos eram censurados ou passavam por um processo de seleção e, o vídeo ficou como uma alternativa democrática e livre. Daí a ligação simbólica com os anúncios japoneses contidos no início do Global Groove:

“This is a glimpse of the video landscape of tomorrow, when you will be able to switch to any TV station on the earth, and TV Guide will be as fat as the Manhattan telephone book.”

Este projeto de videoarte ficou conhecido por ser um conjunto de elementos multiculturais e figuras artísticas que caracterizaram a cultura POP dos anos 70 com a sua postura pós moderna, conteúdo e estratégias conceptuais que deixaram a sua marca e influência na história da arte contemporânea.

Bárbara Catalão