Neena Cho, artista visual, designer e ilustradora, desenvolveu uma reflexão digital na complexidade da palavra “run”. Para ela, o mundo está todo ele a correr, desde as pessoas, aos carros, até ao próprio tempo.

Inicialmente, a sua obra reside no facto de que, segundo Simon Winchester (linguista do dicionário de Oxford), a palavra “run” é a realidade mais complexa da língua inglesa, já que contêm quase 645 definições (“the English word “run” is the most complex word that contains almost 645 definitions”). Esta constatação despertou na artista a questão: será que outros países utilizam “run” da mesma forma como no Inglês?

Na língua inglesa, segundo a designer, existe um uso diverso de “run”, ou seja, a palavra acarreta diferentes tipos de movimentos, representados nos pequenos vídeos da obra digital.  Mas a artista compara essa flexibilidade da palavra “run” com a aplicação da mesma palavra na língua coreana, que é mais limitada. Na Coreia, a tradução de “run” pode acontecer de duas formas. Apesar de as duas traduções, twida e dalida, não terem regras de utilização, existem algumas nuances baseadas em costumes culturais.

Se não existisse a introdução textual que contextualiza toda a peça, a mesma apenas despertaria diferentes perceções e formas de correr, como por exemplo “running like a bullet train”; “let your heart run”; “running like a playful child”, etc. Apesar de a obra querer transmitir, por um lado, todas essas variadas sensações que o ato de “correr” pode conter, também reflete sobre a questão referida anteriormente.

A obra digital apresenta, assim, uma série de nove vídeos abstratos. Cada um deles é associado a uma expressão inglesa, a uma das traduções coreanas e a um som.

Toda esta dinâmica permite, no meu entender, uma paragem no tempo. Apesar de tudo parecer bastante simplificado, a união das componentes leva o público a criar a sua imagem ou memória daquela situação em específico.

A reflexão ultrapassa, deste modo, a tentativa de resposta à questão sobre o uso da palavra “run”, transportando-se também para a própria ponderação sobre a forma como vivemos e como o fenómeno de “correr” apoderou-se dos nossos hábitos.

Correria do dia-a-dia da sociedade

Fonte: https://projects.cah.ucf.edu/mediaartsexhibits/uncontinuity/Cho/cho.html