As pinturas no teto da Capela Sistina podem ser olhadas da prespetiva de um dos meios que utilizam: o suporte que é a parede para nos chamar a atenção do quanto são importantes: “o meio é a mensagem”, por mais que se refira a meios mais tecnológicos também nos diz como uma narrativa religiosa necessita de um espaço apropriado para ser efetiva na mensagem que têm a transmitir. Seria uma obra enquadrada na era da cultura visual, onde ainda se privilegiava este sentido. Por outro lado, as técnicas de representação utilizadas nas pinturas – como a prespetiva linear – funcionam como lógica da transparência do meio segundo Bolter e Grusin, enquadrando-se, assim no seu conceito sobre imediacia. Uma vez que as pinturas são renascentistas, o objetivo seria criar representações o mais próximo do real possível, naturalizando todas as figuras e disfarçando ao máximo as técnicas utilizadas. É o contrário daquilo que veio a acontecer após a invenção da fotografia, quando muitos pintores impressionistas, como Van Gogh quiseram assumir as suas pinceladas e as técnicas que utilizam nas suas produções artísticas, destacando-se por começar a criar um afastamento do “realismo” ao mesmo tempo que acompanham a ideia da fotografia de querer “captar o momento fugaz”. Por fim, quanto a Walter Benjamin, o teto da Capela Sistina representa o ideal de obra de arte uma vez que foi criada para existir num tempo e num espaço específico, reunindo todas as condições para que se lhe preste culto. No entanto, com os meios tecnológicos que conseguem descontextualizar as pinturas existentes no teto da capela transpondo-as para filmes, fotografias, elementos e objetos mercantis – como t-shirts, tênis etc, é perdida a aura da obra de arte de forma irreversível.

Raquel Pedro.

 

“Noite estrelada” de Van Gogh
Capela Sistina