A cultura contemporânea é fortemente marcada pela evolução tecnológica e mediática, sendo que as relações sociais, políticas e económicas atravessam um momento de transição o que obriga ao surgimento de novas respostas, face a esta nova conceção do mundo. Um exemplo disso é a própria instituição de ensino que se confronta cada vez mais com a necessidade de criar áreas de estudo e de investigação, dada a difusão global de dispositivos que estão ao alcance de quase todos os indivíduos.

Estes dispositivos e a internet comandam e regem cada vez mais o nosso quotidiano. Enquanto que nos finais do século XX, se poderia aceder a este universo através de um computador, objeto que ainda não era pertence comum dos indivíduos, hoje (com maior rapidez, leveza e detalhe) acedemos a este através de qualquer smartphone, de computadores portáteis com ligação a internet, em qualquer lugar e a qualquer hora, da televisão (que abrange cada vez mais áreas de informação) e, portanto, somos rodeados e mergulhados num contexto onde os media são absolutamente protagonistas.

Porém, os media como veículo de uma mensagem, sendo a própria mensagem – como defende Marshall McLuhan dizendo que “o meio é a mensagem” -, detêm em si um certo grau de perversão e controlo social, que nem sempre é percetível. Assistimos a uma nova geração que desde a infância mais precoce assiste televisão, adquire um telemóvel, o que resulta numa geração mais acrítica, com informação oriunda de todos os pontos do globo, criando a ilusão de obtenção de conhecimento, culminando precisamente no inverso. Por isso, torna-se imperativo filtrar a informação que recebemos, ser seletivos e vigilantes, para não nos tornarmos seres conformistas. Esta reflexão faz lembrar Theodor Adorno (no mundo da música) que criticava a sociedade capitalista, acusando os media de estandardizar o gosto, para levar ao aumento do consumo (através da música popular, no caso), porém esse consumo facilitado leva-nos à alienação e torna-nos menos reativos a tudo o que apreendemos, chamando à atenção a capacidade que a arte tem para despertar os indivíduos para a realidade. Todavia, não é isso que é verificável nos media, dado que as imagens fotográficas são bastante manipuladas, tal como os textos que muitas vezes as acompanham, contribuindo para uma ideia do mundo que nem sequer existe, fazendo dos seres humanos autênticas marionetes.

Portanto, pertencer a esta sociedade marcada pela presença constante e instantânea dos media pode trazer-nos novas formas de olhar o mundo, sendo este um meio que nos transmite mensagens diversas, contudo, devemos tornar-nos atentos para não cairmos neste fluxo de total alienação e termos noção da imediacia (premeditada) dos media, que contribui em grande parte para esse controlo dos indivíduos, pois torna os meios praticamente invisíveis.