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“I am the Edison phonograph (…) I can give you merry tales and joyous laughter. I can transport you to the realms of music. (…) No matter what may be your mood, I am always ready to entertain you. I never get tired and you will never tire of me, for I always have something new to offer. I give pleasure to all. (…) I can enable you to always hear the voices of your loved ones, even though they are far away. (…) The more you become acquainted with me, the better you will like me.”

Este é o primeiro anúncio áudio publicado relativamente ao fonógrafo criado por Thomas Edison, em 1906.

Segue-se agora um conjunto de frases retiradas do site oficial do Instagram que foi criado no ano de 2010 por Kevin Systrom e Mike Krieger.

“We put people first, and value craft and simplicity in our work. Our teams inspire creativity around the world, helping over 1 billion people create and share. Join us! (…) Our mission is to connect you with the people and things you love, which only works if people feel comfortable expressing themselves on Instagram. (…) We can do more to prevent bullying from happening on Instagram, and we can do more to empower the targets of bullying to stand up for themselves.”

Como vemos, ambos os parágrafos são de carácter publicitário e só nos apresentam vantagens em relação aos seus produtos. Embora haja esta diferença cronológica de 1 século é curioso apercebermo-nos de que o apelo ao público é sempre feito através das mesmas estratégias, que apontam em direção ao nosso lado mais emocional. Há nestes dois casos uma tentativa de humanização de dois meios e isto acontece na maioria das vezes em que um meio é divulgado com objetivos comerciais. Tanto o fonógrafo como esta rede social tentam adquirir uma voz própria, na tentativa de nos chegarem como se de pessoas se tratassem, ou melhor, como se de amigos se tratassem. Mostram-se-nos imensamente generosos e preocupados com o nosso bem-estar. E ainda nos incitam a conectarmo-nos com os outros!

O fonógrafo permitia-nos ouvir a voz dos nossos entes queridos e o Instagram aproxima-nos das pessoas e das coisas que mais gostamos, mas “só funciona se nos sentirmos confortáveis para nos expressarmos”…

Há, no entanto, uma grande diferença entre estes dois que é: o fonógrafo não nos protegeria do bullying… mas no entanto estaria sempre disposto a entreter-nos e nunca se fartaria de nós. A função de entretenimento pode não ter sido a intenção inicial, nem de Edison nem dos co-criadores do Instagram, mas é inevitável que um meio não se torne um meio de entretenimento assim que ele se torna tão presente nas nossas vidas tornando-se em algo banalizado.