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Sabemos que a subjetividade da arte é inescapável, e por isso que a criação de direitos autorais veio para salvaguardar a característica singular de uma obra. Mas, ao mesmo tempo, também sabemos que, a capacidade de representação da tecnologia, a autoria e imagem de uma obra se problematiza, assim como a própria produção técnica, de acordo com Walter Benjamin.

Amor de Clarice, de Rui Torres vem trazer o lado positivo, ao demonstrar um texto interativo, fazendo uma releitura da obra Amor, de Clarice Lispector, onde não só é possível compreender uma análise diferente por Rui, como a interação permite ao usuário fazer a sua própria releitura. 

Mas ao mesmo tempo, se olharmos e tomarmos a crítica Roland Barthes, que diz que a imagem do autor como principal criador de uma obra tem falha, já que um autor teve de se inspirar e adaptar conteúdos já existentes, de outros autores, para chegar à criação de sua obra, poderia-se dizer então que o que vemos hoje são apenas representações de obras, que por sua vez poderiam ser também representações de anteriores, e todo o mundo atual não se passa somente de um ctrl+c, ctrl+V, e será que esse aspecto não se tornou-se ainda mais saliente graças à capacidade da tecnologia?

Poderíamos assim concluir que houve um período em que a arte deixou de existir, já há milênios, e que a sociedade simplesmente tomou um novo axioma para arte? Toda obra artística, por mais que tente ser uma recriação fiel de algo já existente, sempre acaba por ser uma representação, isto é, uma recriação com perspectiva subjetiva, mas o que acontece quando essa perspectiva acaba por ser baseada e/ou influenciada em algo que já existiu ou foi dito? Poderia tornar ela objetiva, já que o autor está a tomar ideias já existentes para a criação de seu trabalho?