Nós vivemos em meio à uma era digital na qual se vê a urgência para a atualização de novas tecnologias e avanços. O mundo da arte acabou sendo revolucionado pelo surgimento dessas tecnologias, e como consequência disso, os artistas se viram obrigados a criarem arte nesse mundo digital e os espectadores das artes obrigados a tentarem encontrar maneiras de se adaptarem à elas. Atualmente, à medida em que a tecnologia continua a crescer rapidamente na sociedade, nós continuaremos a vê-la se desenvolver cada vez mais e a passar por mudanças constantes, assim como vem acontecendo com os meios digitais, que possuem convenções que nunca serão completamente estabelecidas. A partir dessa relação entre a máquina e o ser humano, os leitores e espectadores na contemporaneidade têm encontrado diferentes maneiras de ver, analisar, assistir e ler obras. Dessa forma, a arte digital surge como uma alternativa aos meios tradicionais de arte que acompanhará todo esse avanço técnico e desenvolvimento.

Nesse contexto, eu irei falar um pouco sobre uma obra digital disponível no (un) continuity: ELO 2020 Virtual Exhibition. Antes de mais, a literatura eletrônica pode ser definida como uma literatura produzida ou voltada para o meio digital, que pode incluir trabalhos experimentais, jogos narrativos literários, poesias feitas com ajudas de script, etc. E para essa exposição virtual, devido ao momento atual de crise na saúde pública mundial, foi mudado o formato da Conferência e Festival de Artes de Mídia de 2020, que aconteceria presencialmente em Orlando, para uma versão totalmente virtual (que ironia rsrs).

A exposição virtual citada acima contém muitas obras interessantes, mas uma delas, em especial, chamou a minha atenção. A obra está na parte de “mídia social” e é chamada “The forever club, episódio 6: we prepare to die”. Antes de ver a obra como um todo, fui pesquisar um pouco sobre do que se tratava e encontrei informações como fazendo parte da obra um grupo de comédia na web que usa uma mistura de vídeos, animações, música, textos, referências artísticas, etc. nas suas produções. No episódio que está disponível no site da exposição, os personagens vivem em meio à ameaça das mudanças climáticas e se preparam logo para o apocalipse que vem se aproximando. Uma obra digital com uma ponta surrealista, que muitas vezes nos parece boba, mas ao mesmo tempo é de difícil compreensão e reflexão tanto sobre para o que está acontecendo atualmente no mundo, tanto para o que seria a urgência de obras digitas em um mundo digital. No episódio, é interessante também ver a mistura de remediação numa forma “renovada” das novas mídias, a imediação nos desconectando do mundo virutal e a hipermediação mostrando a realidade virtual em que fomos inseridos; de tudo o que está acontecendo ao mesmo tempo e que chega até ser difícil de processar todas as informações, mas que torna a obra riquíssima de conteúdo e nos provando como é possível mesclar todas as possibilidades dos meios digitais.

A obra digital de Alan Bigelow é a prova da crescente mudança e alternativa a ser encontrada para os meios tradicionais que já não dominam mais a nossa sociedade. É a prova de como a arte revolucionou o modo de criação, visualização e distribuição da mesma. Grande parte do que estamos costumados a ver nos museus tradicionais, acabou sendo transportado para as telas dos nossos computadores e das mídias sociais.

‘The Forever Club, episode 6: We prepare to die”: https://projects.cah.ucf.edu/mediaartsexhibits/uncontinuity/Bigelow/bigelow.html

Escrito por: Letícia Boaventura