Na sua definição académica, a Cultura Visual é retratada como uma área de estudo que confronta os processos culturais do hábito e das rotinas, ou costumes visuais de vários povos, procurando compreender os aspectos visuais como fonte de transmissão cultural, assim como suas vertentes que causam interferência no reconhecimento do mundo e da realidade.

Enquanto definição opinativa, Nicholas Mirzoeff afirma que a cultura visual, num determinado contexto social, é a contraposição visual ao que terá sido a expressão do romantismo no século XIX. Diz-se desta opinativa, de onde se pode aproveitar possíveis definições de outras figuras culturais, como o exemplo de Gotthold Lessing, Malcolm Barnard, assim como os trabalhistas pioneiros do conceito, que são John Berger e Laura Mulvey.

A configuração da cultura visual é geralmente manifestada como um múltiplo campo amplo em que se abordam maneiras de visibilizar a cultura, ao mesmo tempo que se culturaliza o visível. Como um novo corpo de conhecimento que emergiu do trabalho académico especificado em Estudos da Cultura, a Cultura Visual é vista como um novo campo, devido ao seu foco no visual, com prioridade para a experiência quotidiana.

Idealizando o termo, manifesta sintonia com abordagens pós-modernas e pós-estruturalistas, marcando assim uma orientação de que parte do seu entendimento não é possível definir, levando a uma limitação na sugestão de possíveis inspirações ou futuros parâmetros académicos que se venham a descobrir.

Abrangendo o tema da historicidade, podemos afirmar que a genealogia do conceito que é a Cultura Visual, remete para a década de 70, com uma marca que se nota mundialmente em todos os campos universitários, que é a quebra de barreiras disciplinares, abrindo horizontes para o futuro académico e apagando a farsa da limitação contemporânea, explorando sempre mais além. Isto acontece na tentativa de, como mencionado anteriormente, gerar conhecimentos que ultrapassem os limites e os fundamentos vencidos pela modernidade.

A imprecisão presente na definição de cultura confunde os limites do seu significado, criando assim uma dimensão conceptual onde tudo o que estiver ao alcance da visão e do pensamento do ser humano pode ser chamado de cultura. Esta expansão indica que as ciências sociais vivem de um espaço multi-mediático interdisciplinar e intertextual. O conceito de interdisciplinar incorpora a perceção de que a cultura visual possibilita o desvendar mundos intermediários nos quais as imagens competem pelo poder de representação, expondo múltiplos níveis de significado, e respostas subjectivas às experiências visuais quotidianas, que vão da publicidade à televisão, ao cinema e vídeo, aos ambientes urbanos e exposições de arte.