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Na era digital em que vivemos, os dispositivos tecnológicos e as redes sociais nas quais passamos grande parte do nosso tempo, definem as novas formas de produzir e apreciar arte.

Segundo Marshall McLuhan, em Understanding Media, 1994, o meio é a mensagem, o que significa que não apenas vemos ou assistimos conteúdo nos dispositivos tecnológicos, mas também que estes meios influenciam a nossa perceção desse conteúdo.

Nestas plataformas, existe agora um acesso mais facilitado, e praticamente imediato a uma quantidade imensa de conteúdo artístico. Vários artistas divulgam o seu trabalho através das redes sociais e sem esta fácil aproximação talvez não os conheceríamos, pois, um dos fatores que contribui para a descoberta artística nos novos média é o algoritmo implementado nestes meios através dos quais interagimos com arte, que organiza e sugere conteúdo para o utilizador.

Por exemplo, Ajay Kalia e Mathew Ogle são dois programadores do sistema de recomendação utilizado pelo Spotify que afirmam ter sido responsáveis pela introdução de 5 mil milhões de novas músicas nas listas de reprodução de usuários de mais de 60 países, num período de 11 meses (Conferências do festival Sonar, Barcelona, 2016).

Todas as redes sociais têm um algoritmo inserido na sua programação que é o que permite às empresas que gerem estas plataformas uma maior sensação de aproximação com os utilizadores. O seu principal objetivo é satisfazer os interesses dos mesmos, todos ficamos felizes quando abrimos o Twitter e o primeiro post que aparece está relacionado a uma série de que gostamos ou quando carregamos “aleatório” no Spotify e a primeira música é exatamente aquela que queríamos ouvir.

No entanto, este processo pode custar a independência do consumidor e criar um certo efeito de bolha, em que o sujeito vai apenas encontrar conteúdo relacionado ou do mesmo carácter de outros conteúdos com os quais interagiu e que o algoritmo considere do seu interesse, nunca descobrindo algo realmente novo.

Isto vai criar um consumidor passivo, um consumidor de arte que pensa menos no artista ou na peça que lhe é apresentada, e em vez de uma arte que deve ser apreciada com atenção e cuidado, muitas vezes torna-se num mero “pano de fundo” do quotidiano.

É necessário portanto, saber interagir com os novos meios de um modo consciente, de forma a puder desfrutar da enorme possibilidade de descoberta artística, sem se deixar ser “dominado” por este efeito causado pelos meios digitais e não desvalorizar a arte simplesmente pela sua inevitável reprodutividade na era atual.

Bibliografia

Costa, M. V. da. (2016). Algoritmos contra humanos. Quem lhe recomenda a melhor música? Observador de https://observador.pt/2016/06/20/algoritmos-contra-humanos-quem-lhe-recomenda-a-melhor-musica/.

McLuhan, M. (1964). Understanding Media